George Müller | Apóstolo da fé (1805-1898)

“Pela fé, Abel… Pela fé, Noé… Pela fé, Abraão…” Assim é que o Espírito Santo conta as incríveis proezas que Deus fez por intermédio dos homens que ousavam confiar unicamente nele. Foi no século XIX que Deus acrescentou o seguinte a essa lista:

“Pela fé, George Müller levantou orfanatos, alimentou milhares de órfãos, pregou a milhões de ouvintes em redor do globo e ganhou multidões de almas para Cristo”. […]

Certo pregador, pouco tempo antes da morte de George Müller, perguntou-lhe se orava muito. A resposta foi esta: “Algumas horas todos os dias. E ainda, vivo no espírito de oração; oro enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estou constantemente recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa, continuo a orar até a receber. Nunca deixo de orar!… Milhares de almas têm sido salvas em respostas às minhas orações… Espero encontrar dezenas de milhares delas no Céu… O grande ponto é nunca cansar de orar antes de receber a resposta. Tenho orado 52 anos, diariamente, por dois homens, filhos dum amigo da minha mocidade. Não são ainda converti­dos, porém, espero que o venham a ser. – Como pode ser de outra forma? Há promessas inabaláveis de Deus e sobre elas eu descanso”.

Ouça a respeito da vida desse homem verdadeiramente piedoso, no vídeo abaixo. Trecho do livro “Heróis da Fé”, de Orlando Spencer Boyer.

Audiobook : Quando Pecadores Dizem “Sim” | Dave Harvey

Pecadores que dizem sim

O casamento é a união de duas pessoas que chegam ao altar com uma bagagem surpreendentemente grande. Em geral, ela se abre durante a lua-de-mel; às vezes, espera até à semana seguinte. A Bíblia chama-a de pecado. Compreender a sua influência pode fazer toda a diferença para um homem e uma mulher que estão construindo a vida juntos.

Quando Pecadores Dizem Sim aborda a importância do poder transformador do evangelho na imprevisível jornada do casamento. O estilo de redação de Dave Harvey cativa o leitor, enquanto fala com honestidade e, às vezes, humor a respeito do pecado e do poder do evangelho para vencê-lo. Ele descortina a maravilhosa verdade da Palavra de Deus e encoraja o leitor a perceber com mais clareza o glorioso panorama do que Deus faz quando pecadores dizem Sim.

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O Ídolo do Controle | Paul Tripp

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Estou grandemente convencido de que há apenas dois estilos de vida a serem seguidos:

1) Confiando em Deus e vivendo em submissão à vontade dEle e sua Lei, ou

2) Tentando ser Deus.

Poucas pessoas vivem um meio termo entre esses dois caminhos. Como pecadores, parecemos estar melhores com a segunda opção do que com a primeira.

Esta dinâmica espiritual atinge diretamente o modo como criamos nossos filhos. Uma criação de filhos bem-sucedida está relacionada a uma ‘perda de controle’ justa e ordenada por Deus. O objetivo de sermos pais é o de ensinar nossos filhos, que uma vez foram totalmente dependentes, a serem independentes, pessoas maduras que confiam em Deus, tenham um bom relacionamento com a comunidade Cristã e finalmente, sejam capazes de andar com os próprios pés.

Nos primeiros anos da criação dos filhos, estamos no controle de tudo, e mesmo que reclamando do estresse que isso causa, gostamos de ter o poder! São poucas as situações em que a criança escolhe o que fazer, exceto no que diz respeito às necessidades físicas básicas. Nós escolhemos a comida deles, a hora de dormir, a forma deles se exercitarem, o que eles veem e ouvem, aonde irão, quem são seus amigos, e certamente essa lista pode continuar a crescer.

Entretanto, a verdade é que desde o primeiro dia de vida, nossas crianças estão crescendo independentes. O bebê que antes não conseguia rolar sem ajuda, agora pode engatinhar até o banheiro sem permissão e desenrolar todo o papel higiênico! Essa mesma criança em breve estará saindo de casa, dirigindo para lugares onde estarão bem longe do alcance dos pais.

Quantos pais têm tido problemas com os amigos que seus filhos escolheram? Sim, a escolha de companhias é um problema sério, mas é também o lugar onde podemos entregar o controle a uma criança em amadurecimento. A finalidade da criação de filhos não é reter um controle absoluto sobre nossas crianças com a intenção de garantir a segurança deles e a nossa sanidade. Apenas Deus é capaz de exercer esse tipo de controle.

Ao invés disso, a finalidade é a de ser usado por Ele para inculcar em nossas crianças um autocontrole em constante amadurecimento por meio dos princípios da Palavra, e permitir-lhes exercer círculos cada vez mais amplos de escolha, controle e independência.

Como conselheiro e pastor, frequentemente, trabalhei com pais que queriam voltar no tempo. Eles achavam que sua única esperança era voltar aos primeiros dias, os dias de total controle. Eles tentaram tratar seus adolescentes como crianças pequenas. Eles acabaram se tornando mais parecidos com carcereiros do que com pais, e se esqueceram de ministrar o Evangelho, que era a única esperança nos momentos cruciais de dificuldades.

É vital nos lembrarmos de três verdades do Evangelho relacionadas a esses problemas na criação dos filhos:

1) Não há situação que não esteja sob controle porque Cristo domina sobre todas as coisas para o bem da igreja. (Efésios 1:22)

 2) Não só a situação está sob controle, mas Deus está trabalhando para o bem daqueles a quem Ele prometeu. (Romanos 8:28). Então eu não preciso controlar todos os desejos, pensamentos e ações do meu filho em amadurecimento. Em cada situação, ele ou ela está sob o soberano controle de Cristo que está cumprindo o que eu não posso fazer.

 3) Eu preciso me lembrar que o objetivo de criar meus filhos não é criar neles a minha própria imagem, mas me esforçar muito para que eles sejam conformados à imagem de Cristo. Meu objetivo não é clonar meus gostos, opiniões e hábitos nas minhas crianças. Eu não estou buscando a minha imagem neles, eu desejo ver a Cristo.

Nós não podemos pensar na criação de filhos sem olhar honestamente para o que nós, como pais, trazemos para o problema. Se nossos corações são governados pelo sucesso, pela apreciação dos outros e pelo controle excessivo, nós vamos involuntariamente querer que nossos filhos satisfaçam nossas expectativas em vez de ajudá-los em suas necessidades espirituais. Ao invés de ver os momentos de dificuldades como oportunidades que Deus nos oferece, iremos vê-los como frustrantes, decepcionantes e irritantes, e certamente iremos experimentar uma crescente raiva contra os nossos próprios filhos, os quais fomos chamados para auxiliar e ensinar.

Paul Tripp  é pastor, escritor e renomado conferencista internacional. Ele é casado com Luella, com quem tem quatro filhos adultos: Justin, Ethan, Nicole e Darnay.

* tradução: Rebecca Figueiredo

Visite: Mulheres Piedosas (fonte).

O Ídolo do Sucesso | Paul David Tripp

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Na presença de seu filho adolescente, escutei um pai dizer: “Você sabe como é ir à igreja e saber que todos estão falando sobre seu filho rebelde e orando por ele? Você sabe como é entrar no culto com todos os olhos voltados para você, sabendo que as pessoas ficam pensando no que está acontecendo e se você e sua esposa estão superando? ”.

Ele continuou. “Isso não é o que deveria acontecer. Nós procuramos fazer fielmente o que Deus nos chamou a fazer como pais, e olhe só onde acabou! Eu pergunto a mim mesmo, se eu soubesse que tudo acabaria desse jeito, será que teríamos decidido ter filhos? Eu não consigo descrever quão desapontado e envergonhado estou. ”

Naquela tarde, com seu filho escutando, aquele pai falou o que muitos pais já sentiram, mas nunca verbalizaram. Nossa tendência é encarar a criação de filhos com expectativas como se tivéssemos garantias inabaláveis. Nós pensamos que se fizermos nossa parte, nossos filhos irão se tornar cidadãos exemplares. Nossa tendência é encarar a criação de filhos com um senso de posse, com um senso de que esses são os nossos filhos e a obediência deles é o nosso direito.

Esses pressupostos pavimentam o caminho para nossa identidade se enrascar em nossos filhos. Começamos a precisar que eles sejam o que eles deveriam ser para que, aí sim, possamos desfrutar de um senso de cumprimento de nosso dever e de sucesso. Começamos a olhar para nossos filhos como nossos troféus ao invés de criaturas de Deus. Secretamente, queremos exibi-los como conquistas de um trabalho bem feito.

Quando eles falham em viver à altura das nossas expectativas, nós não nos vemos tristes com eles e lutando por eles, mas irados contra eles, lutando contra eles e, de fato, tristes conosco mesmos e com nossa perda. Ficamos irados porque eles tiraram algo valioso de nós, algo que passamos a entesourar, algo que começou a governar nossos corações: uma reputação de sucesso.

É tão fácil perder de vista o fato de que são filhos de Deus. Eles não nos pertencem. Eles não nos foram dados para trazer glória a nós, mas a Ele. Nossos filhos são dEle, eles existem através dEle e a glória de suas vidas aponta para Ele. Nós somos apenas agentes para cumprir Seus planos. Nós somos apenas instrumentos em Suas mãos. Nossa identidade está enraizada nEle e Seu chamado a nós, não em nossos filhos ou em nossa performance.

Como pais, nós temos problemas sempre que perdemos de vista essas “realidades verticais”. Quando a criação de filhos é reduzida ao nosso trabalho árduo, à performance de nossos filhos ou à reputação da família, torna-se bem difícil reagir com altruísmo e fidelidade diante do erro de um filho.

As oportunidades dadas por Deus para ministrar transformam-se em confrontação irada e repleta de palavras de julgamento. Ao invés de conduzir mais uma vez nosso filho carente para Cristo, nós iremos castigá-lo com duras palavras. Ao invés de amá-lo, iremos rejeitá-lo. Ao invés de falar palavras de esperança, nós iremos condená-lo. Nossos sentimentos ficarão inundados cada vez mais por nossa própria vergonha, ira e dor ao invés de tristeza sobre a situação de nosso filho diante de Deus.

Quero pedir a você que seja honesto hoje. Examine seu coração. Você tem uma atitude de posse? Será que você está sutilmente governado pela sua reputação? Você está oprimido pela preocupação com aquilo que os outros podem pensar de você e de seu filho? Essas perguntas – não, deixe-me refrasear isso – esses ídolos precisam ser confrontados se quisermos ser os pais que Deus nos chamou para ser.

Então, seja honesto. Confesse suas áreas de idolatria na criação de filhos. Encha-se, porém, de esperança porque Cristo morreu para quebrar a cerviz da nossa idolatria centrada em nós mesmos. Deus quer que tenhamos um coração puro. Seu objetivo é que nossa vida seja moldada por nossa adoração exclusiva a Ele. E, preste atenção nisso: ao mesmo tempo que Deus está trabalhando em seu coração, Ele o enviou para ser Seu embaixador no coração de seu filho.

Tradução: Alexandre Mendes – Original: The Idol of Success
Visite: conselhobiblico.com

Provérbios: Um miniguia para a vida |TIM KELLER

running-up-stairs-2Em minha leitura bíblica diária do ano passado, li o capítulo 3 de Provérbios, uma passagem que preguei e estudei muitas vezes. Porém, durante essa leitura, percebi que, dos versos 3 a 12, temos todos os temas do resto do livro, e, portanto, um miniguia para uma vida de fidelidade. Existem cinco coisas que constituem uma vida sábia e piedosa. Elas funcionam tanto quanto meios para tornarmo-nos sábios e santos, quanto como sinais de que estamos crescendo nesta vida:

1. Coloque a mais profunda confiança de seu coração em Deus e em sua graça. Todos os dias lembre a si mesmo do amor incondicional e pactual de Deus por você. Não coloque suas esperanças em ídolos ou em seu próprio desempenho.

“Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem; prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração. Então você terá o favor de Deus e dos homens, e boa reputação. Confie no Senhor de todo o seu coração.” (Provérbios 3.3-5a)

2. Submeta toda sua mente à Escritura. Não pense que você sabe mais que a Palavra de Deus. Coloque-a em prática em todas as áreas da vida. Torne-se uma pessoa sob autoridade.

“Não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” (Provérbios 3.5b-6)

3. Seja humilde e ensinável em relação aos outros. Seja perdoador e compreensivo quando você desejar criticá-los; esteja pronto a aprender dos outros quando eles vierem criticar você.

“Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema o Senhor e evite o mal. Isso lhe dará saúde ao corpo e vigor aos ossos.” (Provérbios 3.7,8)

4. Seja generoso com todas as suas posses, e apaixonado pela justiça. Compartilhe seu tempo, talento e tesouros com aqueles que têm menos.

“Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinho.” (Provérbios 3.9,10)

5. Aceite e aprenda a partir de dificuldades e sofrimento. Por meio do Evangelho, reconheça-as não como castigo, mas como uma maneira de te aperfeiçoar.

“Meu filho,não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama,assim como o pai faz ao filho de quem deseja o bem.” (Provérbios 3.11,12)

Enquanto meditava nesses cinco elementos – firmar-se em sua graça, obedecer e deleitar-se em sua Palavra, humilhar-se diante dos outros, sacrificar-se generosamente por nosso próximo, e perseverar nas provações – pensava em Jesus. O Novo Testamento nos conta que a “sabedoria divina” personificada do Antigo Testamento é, na realidade, Jesus (Mt 11.19). E eu percebi que: a) ele mostrou a fidelidade e confiança definitivas a Deus e a nós ao ir à cruz, b) ele era moldado e estava saturado pela Escritura, c) ele era manso e humilde de coração (Mt 11.28-30), d) ele, embora rico, se fez pobre por nós, e) ele aceitou seu sofrimento por nós, sem reclamar. Somente cresceremos nessas cinco áreas se soubermos que fomos salvos por uma graça valiosa. Isso te guarda dos ídolos, da autossuficiência e do orgulho, do egoísmo com suas coisas, e de desmoronar diante de problemas. Jesus é a sabedoria personificada, e crer em seu Evangelho traz essas qualidades à sua vida.

Por algumas semanas, tenho gasto meu tempo orando por essas cinco coisas para minha família e para os líderes de minha igreja. Não existe melhor maneira de instilar essas grandes coisas em seu próprio coração que orar intensamente por elas nas vidas daqueles a quem você ama.

Traduzido por Josaías Jr | iPródigo | Texto original aqui

3 mentiras em que facilmente caímos

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Quando escolhemos (*) nos ausentar da reunião dos santos, é bem possível que sejamos vítimas de uma ou mais mentiras de Satanás.

A primeira mentira é: eu não preciso ‘disso’. Quando falo ‘disso’ quero dizer: o tempo de adoração, o tempo de instrução, o tempo de comunhão ou o tempo de oração. No momento em que coloco “isso” na balança do que quero ou prefiro, passo a acreditar na mentira de que os meios de graça têm pouco valor. Eu não ganho muito com reuniões de oração, não me beneficio muito da Escola Dominical, eu não gosto quando aquele pastor prega. Certamente eu não preciso disso.

A segunda mentira é: eu não preciso ‘deles’. Isto é, dos santos. Eu poderia estar com eles. Poderia estar em comunhão com eles, desfrutar da presença deles, ser fortalecido por eles. Quando consistentemente escolho me ausentar de seus momentos de reunião, estou acreditando na mentira do diabo de que sou suficiente em mim mesmo.

A terceira mentira em que podemos facilmente acreditar é: eles não precisam de ‘mim’. Minha presença ou ausência não faz diferença. Estar ou não do lado daquele irmão ou irmã, meu pastor me ver e interagir comigo ou não, minha voz unir-se ou não em louvores, meu coração ser elevado ou não com meus irmãos em oração – tudo isso é indiferente.

É verdade que a igreja sobreviverá, mas há uma grande diferença entre força total e força parcial. Há uma diferença entre uma família onde todos estão presentes, um corpo sem partes faltando, um prédio com todas as paredes ou pedras no lugar.

A reunião dos santos é importante. Não podemos descuidadamente negligenciá-la.

(*) Não estou me referindo ao que geralmente chamamos de “obstáculo providencial” ou ausência necessária. Refiro-me ao hábito de nos ausentarmos dos meios da graça.

JIM SAVASTIO | Traduzido por Cleber Filomeno | Reforma21.org

Entre a ação e a oração

por Ricardo Agreste

Precisamos aprender a orar avaliando e considerando as situações, da mesma forma como precisamos aprender a planejar e agir, orando.

Certa vez, ouvi um pastor dizer: “Um dos pontos fortes de nossa comunidade é o planejamento das mensagens e liturgias com certa antecedência. Isso nos proporciona a oportunidade de fazer a obra de Deus com a excelência que ele merece”. Outro líder retrucou: “Bem, mas precisamos tomar cuidado com o planejamento excessivo que nos leva a não depender do Espírito Santo e a confiar mais em nossas próprias ações do que na obra de Deus.” Diante disso, a dúvida se instalou: Devemos ou não planejar? Devemos ou não assumir a responsabilidade pela ação? Ou devemos, simplesmente, orar e confiar que Deus, do seu jeito e a seu tempo, vai fazer a obra?

De outra feita, um casal de amigos me disse que estavam orando a Deus e esperando sua resposta acerca de suas próximas férias. Eles queriam muito viajar, tinham recursos e tempo para isso, e sabiam que o momento era oportuno. “No entanto”, disseram, “queremos ouvir a Deus sobre esta situação”. Diante da resposta, confesso que fui tomado por certo sentimento de culpa. Será que tive a mesma atitude nas últimas vezes em que tive que tomar decisões como mudar de casa, comprar um carro, ir ou não ao cinema no sábado a noite ou fazer uma viagem de férias? Ou será que, ao agir, deixei de ouvir a voz do Senhor?

Até que ponto a oração nos isenta do planejamento e da ação? Por outro lado, a partir de quando esse planejamento e essa ação se caracterizam como uma afronta à oração e, consequentemente, a dependência ao Espírito Santo? Com certeza, nesta reflexão, os extremismos devem ser evitados. Existem aqueles que se perdem numa passividade contemplativa em nome da dependência de Deus, assim como também há os que confundem a necessidade de controle total sobre todos os processos com o desejo de servir a Deus com excelência. Mas como fugir dos extremos? Existiria um ponto de equilíbrio nesta questão?

Para mim, as pessoas que insistem em estabelecer esta dicotomia entre oração e ação insistem numa falácia e aqueles que defendem o equilíbrio estão equivocados. Precisamos, sim, aprender a orar avaliando e considerando as situações, da mesma forma como precisamos aprender a planejar e agir, orando. Os dois movimentos não são contraditórios, mas complementares. Logo, a resposta para a questão é a integração entre oração e ação em nossas vidas.

Prova disso podemos encontrar na vida e missão de Neemias. Nenhum outro personagem na Bíblia aparece mais vezes orando do que ele. Ao mesmo tempo, pouquíssimos personagens bíblicos demonstram ser tão elaborados em seus planos e determinados em suas ações como ele. Neemias é um exemplo perfeito de como devemos e podemos integrar a oração à ação, bem como a ação à oração. Desde o primeiro momento em que Neemias recebe informações sobre a cidade de Jerusalém, ele passa a orar, conforme o primeiro capítulo de seu livro. Quatro meses depois, na presença do rei, quando questionado sobre a preocupação que transparecia em seu semblante, Neemias ora e apresenta um detalhado plano de ação ao rei. O que Neemias havia feito durante os quatro meses anteriores? Ele havia orado, avaliando e considerando possibilidades.

Por outro lado, quando Neemias já se encontra no meio da execução do plano de reconstrução dos muros, ele se depara com adversidades. Mais uma vez, busca alternativas que conciliavam a oração com a ação (Neemias 4.9). Diante das escolhas a serem feitas e das necessidades que apareciam, Neemias procura sempre considerar as possibilidades e tomar as melhores decisões – sem, no entanto, deixar de reconhecer sua dependência de Deus (Neemias 4.13-14). Sendo assim, a confiança no cuidado e no amor do Senhor por nós não deve nos isentar da responsabilidade de considerarmos os caminhos que temos diante de nossos olhos, avaliarmos com critério as possibilidades de cada um deles e tomarmos a decisão que nos parece mais coerente com um coração disposto a viver nos valores de Deus e com uma vida desejosa de honrá-lo a todo tempo.

A certeza de que o Senhor está no controle de todas as coisas e de que nossa capacitação vem dele não pode nos conduzir a uma atitude de passividade para com as decisões e ações em nossas vidas. Parte da capacitação que Deus nos concede está relacionada à percepção da realidade que nos cerca, à avaliação das possibilidades vinculadas aos nosso valores e princípios e à elaboração de ações planejadas a partir de tal capacidade.

Fonte: Cristianismo Hoje