Se Deus é bom, por que Ele permite o sofrimento? (Pregação)

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Para ouvir a pregação clique no link:

Se Deus é bom, por que Ele permite o sofrimento?

Fonte: Igreja Esperança – Igreja Cristã Reformada

Cultos: 10h30 e 18h15
Rua Jaguari, 673, Bonfim – BH
Link da IE no Google Mapas: https://goo.gl/39A2zA

Audiobook | Onde Está Deus Quando as Coisas Vão Mal? | John Blanchard

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Onde está Deus quando os desastres acontecem? Se Deus é amoroso e todo-poderoso, por que Ele não impede o mal e o sofrimento? Muitas pessoas já se perguntaram isso. As lições têm como propósito encarar honestamente o mal e o sofrimento no mundo. Além de responder de forma objetiva aos mais frequentes questionamentos, o autor apresenta de forma clara o que Deus nos revelou sobre Si mesmo e sobre nossa condição humana.

O livro nos mostra também a misericordiosa intervenção de Deus neste mundo através de Seu Filho, a fim de resgatar e restaurar pecadores e um dia acabar com o mal e o sofrimento. Audiolivro “Onde está Deus quando as coisas vão mal?”, do autor John Blanchard, publicado pela Editora Fiel e narrado por Edivânio Silva. Clique no link abaixo, ouça o livro ou faça o download dos capítulos.

http://www.ministeriofiel.com.br/audiobooks/detalhes/20/Onde_Esta_Deus_Quando_as_Coisas_Vao_Mal

George Müller | Apóstolo da fé (1805-1898)

“Pela fé, Abel… Pela fé, Noé… Pela fé, Abraão…” Assim é que o Espírito Santo conta as incríveis proezas que Deus fez por intermédio dos homens que ousavam confiar unicamente nele. Foi no século XIX que Deus acrescentou o seguinte a essa lista:

“Pela fé, George Müller levantou orfanatos, alimentou milhares de órfãos, pregou a milhões de ouvintes em redor do globo e ganhou multidões de almas para Cristo”. […]

Certo pregador, pouco tempo antes da morte de George Müller, perguntou-lhe se orava muito. A resposta foi esta: “Algumas horas todos os dias. E ainda, vivo no espírito de oração; oro enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estou constantemente recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa, continuo a orar até a receber. Nunca deixo de orar!… Milhares de almas têm sido salvas em respostas às minhas orações… Espero encontrar dezenas de milhares delas no Céu… O grande ponto é nunca cansar de orar antes de receber a resposta. Tenho orado 52 anos, diariamente, por dois homens, filhos dum amigo da minha mocidade. Não são ainda converti­dos, porém, espero que o venham a ser. – Como pode ser de outra forma? Há promessas inabaláveis de Deus e sobre elas eu descanso”.

Ouça a respeito da vida desse homem verdadeiramente piedoso, no vídeo abaixo. Trecho do livro “Heróis da Fé”, de Orlando Spencer Boyer.

Uma surpreendente obra de Deus | Kevin DeYoung

Revival-1Existem apenas algumas coisas que permanecem semanalmente na minha lista de oração. Uma delas é o avivamento ou reavivamento. Eu acredito que Deus tenha se movido no passado para inflamar grandes avivamentos. Eu acredito que ele pode fazê-lo novamente. E eu acredito que seria bom que os cristãos pregassem e orassem por um avivamento cristocêntrico em nossos dias, que ame o Evangelho, glorifique a Deus e seja dado pelo Espírito.

Claro, isso levanta a questão: o que é verdadeiro avivamento? Vou chegar a uma definição em um momento e falarei mais sobre o modelo bíblico de renovação e reforma no próximo texto, mas permita-me começar mostrando algumas noções falsas sobre avivamento.

Primeiro, avivamento não é reavivalismo. Obviamente, quando você adiciona o “ismo” isso soa assustador, mas eu acho que há uma distinção importante a defender. Entendo por reavivalismo um evento programado, produzido e determinado por homens. No início do século XIX, uma mudança profunda aconteceu. Considerando que antes avivamentos eram vistos como obras da soberania de Deus pelo que alguém orava e jejuava mas não conseguia planejar, a partir de 1800 os avivamentos tornaram-se produções programadas. Você poderia montar uma barraca e anunciar um avivamento na próxima quinta-feira. Se você colocar uma música nova aqui, um coral lá, um certo estilo de pregação, um banco para os pecadores arrependidos, você pode ter certeza de uma resposta. Isso é um avivamento feito por homens, não verdadeiro avivamento.

Segundo, avivamento não é individualismo. Com isso quero dizer que um avivamento é um evento corporativo. É uma coisa maravilhosa quando Deus muda um só coração, especialmente no meio de muitos ossos secos, mas não é disso que estamos falando. Quando Deus envia um avivamento, ele varre uma igreja inteira, várias igrejas ou comunidades, e toca uma diversidade de pessoas (por exemplo, jovens, velhos, ricos, pobres, educados, incultos). Não é apenas uma transformação individual, de tão maravilhoso que é.

Terceiro, avivamento não é emocionalismo. De fato, verdadeiro avivamento pode produzir grande emoção. Mas a emoção em si não indica uma verdadeira obra do Espírito. Você pode levantar as mãos, ou ficar duro, chorar histericamente, ou ter uma grande calma, cair no chão, saltar para cima e para baixo, gritar Amém, fazer orações altas ou suaves, se sentir muito espiritual ou se sentir muito insignificante. Estes são o que Jonathan Edwards chama de “não-sinais”. Eles não dizem nada de um jeito ou de outro. Se você levanta as mãos ao cantar uma canção de louvor, isso pode significar que você está encantado com o amor de Deus, ou pode significar que você tem uma personalidade expressiva e a música proporciona uma liberação de energia. Se você canta um hino com solenidade e gravidade, pode ser que você está cantando com profundo temor e reverência, ou pode significar que a sua religião é mero formalismo e você está realmente entediado. Verdadeiro avivamento é marcado por mais do que a presença ou ausência de emoção tremenda.

Quarto, avivamento não é idealismo. Avivamento não significa que o céu chega na terra. Ele não inaugura uma utopia espiritual. Não resolve todos os problemas da igreja. Na verdade, o avivamento, com todas as suas bênçãos, geralmente traz novos problemas. Muitas vezes existe controvérsia. Pode haver orgulho e inveja. Pode haver suspeita. E além dessas obras da carne, Satanás muitas vezes desperta falsos avivamentos. Ele semeia sementes de confusão e engano. Assim, tanto quanto nós devemos ansiar por avivamento, não devemos esperar que ele seja a cura para todos os problemas da vida, e muito menos um substituto para décadas de tranquilidade, obediência fiel e crescimento.

Então, o que é verdadeiro avivamento? Aqui está a minha definição: O verdadeiro avivamento é uma soberana, repentina e extraordinária obra de Deus pela qual ele salva pecadores e traz vida nova para o seu povo.

  • O verdadeiro avivamento é uma soberana (dependente do tempo de Deus, realizado por Deus , concedido conforme a vontade de Deus)
  • repentina (conversões, crescimento e mudanças acontecem de forma relativamente rápida)
  • extraordinária (incomum, surpreendente)
  • obra de Deus (não nossa)
  • pela qual ele salva pecadores (regeneração levando a fé e arrependimento)
  • e traz vida nova para o seu povo (com afeições, comprometimento e obediência renovados).

Um dos melhores exemplos do verdadeiro avivamento na Bíblia é a história de Josias, em 2 Reis 22-23. A história não é um projeto para ser imitado em todos os aspectos, especialmente porque Josias é rei sobre uma teocracia. Mas a história é instrutiva, na medida em que nos dá uma imagem de uma soberana, rápida e extraordinária obra de Deus.

Vamos ver com o que isso se parece no próximo texto.

Traduzido por Annelise Schulz | Reforma21.org

O “Salto” na Cultura Contemporânea

A formação de uma cultura da sensação e da afetividade procura compensar a carga extrema da ética da autenticidade pura, sempre irrealizável, por um curto-circuito sensorial que demonstre a presença de si. É uma perda de si no sentido de um esquecimento do fracasso de se autoconstituir, e uma entrega irracional à experiência, encarregada agora de dizer que somos, existimos, etc. […]

Na perspectiva Cristã o homem foi feito à imagem de Deus. Isso significa que o homem só pode saber quem é e harmonizar sua vontade com o ser a partir de seu relacionamento com Deus. Por isso a tentação da serpente atingiu exatamente o centro de identidade do homem, por meio da dúvida sobre sua semelhança com Deus, e sobre o que fazer a respeito (“sereis como Deus”). O propósito da tentação era fazer com que o
homem se sentisse inseguro sobre a suficiência da graça divina para se estabelecer, e buscasse agir por conta própria para estabelecer sua identidade.[…]

Nessa palestra imperdível, o teólogo Guilherme de Carvalho, pastor da Igreja Esperança em Belo Horizonte e diretor do L’Abri Fellowship Brasil, expõe sobre o salto irracional de fé em nossa cultura pós-estruturalista e como esse conceito constrói a identidade do homem contemporâneo.

A Divindade de Cristo

joao1_1Em vista da generalizada negação da divindade de Cristo, é da máxima importância ser inteiramente versado nas provas bíblicas em seu favor. As provas são tão abundantes que todos os que aceitam a Bíblia como a infalível palavra de Deus, não podem ter qualquer dúvida sobre este ponto. […] Seguimos aqui um arranjo um tanto diferente, em vista da tendência recente da crítica histórica.

a. No Velho Testamento. Alguns demonstram certa inclinação para negar que o Velho Testamento tenha predições de um Messias divino, mas essa negação é completamente insustentável em vista de passagens como Sl 2.6-12 (Hb 1.5); 45.6, 7 (Hb 1.8, 9); 110.1 (Hb 1.13); Is 9.6; Jr 23.6; Dn 7.13; Mq 5.2; Zc 13.7; Mt 3.1. Vários dos mais recentes especialistas em história insistem vigorosamente no fato de que a doutrina de um messias super-humano era coisa natural para o judaísmo pré-cristão. Alguns até acham nisso a explicação da cristologia sobrenatural de partes do Novo Testamento.

b. Nos escritos de João e Paulo. Tem-se visto que é impossível negar que tanto João como Paulo ensinam a divindade de Cristo. No Evangelho segundo João acha-se o mais elevado conceito da pessoa de Cristo, como se vê nas seguintes passagens: Jo 1.1-3. 14, 18; 2.24, 25; 3.16-18, 35, 36; 4.14, 15; 5.18, 20-22, 25-27; 11.41-44; 20.28; 1 Jo 1.3; 2.23; 4.14, 15; 5.5, 10-13, 20. Um conceito semelhante acha-se nas epistolas paulinas e na Epistola aos Hebreus, Rm 1.7; 9.5; 1 Co 1.1-3; 2.8; 2 Co 5.10; Gl 2.20; 4.4; Fp 2.6; Cl 2.9; 1 Tm 3.16; Hb 1.1-3, 5,8; 4.14; 5.8, etc. Os eruditos críticos procuram escapar da doutrina claramente ensinada nesses escritos de várias maneiras, como, por exemplo, negando a historicidade do Evangelho segundo João e a autenticidade de várias epístolas de Paulo; considerando as exposições de João, Paulo e Hebreus como interpretações infundadas, no caso de João e Hebreus, especialmente sob a influencia de seus conceitos judaicos, pré-cristãos; ou atribuindo a Paulo um conceito inferior ao que se acha em João, a saber, o de Cristo como homem pré-existente e divino.

c. Nos Sinóticos. Alguns sustentam que somente os sinóticos nos dão um retrato verdadeiro de Cristo. Eles, segundo se diz, retratam o Jesus humano, o verdadeiro Jesus histórico, em contraste com a descrição idealizada do quarto evangelho. Mas é mais que evidente que o Cristo dos sinóticos é tão verdadeiramente divino quanto o Cristo de João. Do começo ao fim Ele sobressai como uma pessoa supernatural, como o Filho do homem e o Filho de Deus. Seu caráter e Suas obras justificam Sua reivindicação. Notem-se particularmente as seguintes passagens: Mt 5.17; 9.6; 11.1-6, 27; 14.33; 16.16, 17; 28.18; 25.31-46; Mc 8.38, e outras passagens similares, bem como as passagens paralelas. A obra do Dr. Warfield sobre O Senhor da Glória (The Lord of Glory) é muito elucidativa sobre este ponto.

d. A consciência própria de Jesus. Nos últimos anos tem havido a tendência de recorrer à consciência própria de Jesus e negar que Ele estivesse cônscio de que era o Messias ou Filho de Deus. Naturalmente, não é possível ter qualquer conhecimento da consciência própria de Jesus, a não ser por meio de Suas palavras, nos termos em que elas estão registradas nos evangelhos; e será sempre possível negar que elas expressam corretamente o pensamento de Jesus. Para os que aceitam o testemunho dos evangelhos, não pode haver dúvida de que Jesus estava consciente de que era o próprio filho de Deus. As seguintes passagens atestam isto: Mt 11.27 (Lc 10.22); 21.37, 38 (Mc 12.6; Lc 20.13); 22.41-46 (Mc 13.35-37; Lc 20.41-44); 24.36 (Mc 13.32); 28.19. Algumas destas passagens atestam a consciência messiânica de Jesus; outras, o fato de que Ele estava cônscio de que era o Filho de Deus no sentido mais elevado, Em Mateus e Lucas há várias passagens nas quais Ele fala da primeira pessoa da Trindade como “meu Pai”, Mt 7.21; 10.32, 33; 11.27; 12.50; 15.13; 16.17; 18.10, 19, 35; 20.23; 25.34; 26.29, 53; Lc 2.49; 22.29; 24.49. No evangelho segundo João a consciência que Jesus Tinha de que era o próprio Filho de Deus é ainda mais palpável em passagens como Jo 3.13; 5.17, 18, 19-27; 6.37-40, 57; 8.34-36; 10.17, 18, 30, 35, 36, e outras passagens mais.

Teologia Sistemática – Louis Berkhof

Os nomes de Cristo

jesusHá especialmente cinco nomes que requerem breve consideração neste ponto. Descrevem em parte Suas naturezas, em parte Sua posição oficial, e em parte a obra para a qual Ele veio ao mundo.

1. O NOME JESUS. O nome Jesus é a forma grega do hebraico Jehoshua, Joshua, Js. 1.1; Zc 3.1, ou Jeshua (forma normalmente usada nos livros históricos pós-exílicos), Ed 2.2. A derivação deste nome tão comum do Salvador oculta-se na obscuridade. A opinião geralmente aceita é que deriva da raiz yasha’, hiphil hostia’, salvar, mas não é fácil explicar como foi que Jehoshua’tornou-se Jeshua’. Provavelmente Hoshea’, derivado do infinitivo, foi a forma original (cf. Nm 13.8, 16; Dt 32.44), expressando meramente a idéia de redenção. O yod, que é o sinal do imperfeito, pode ter sido acrescentado para expressar a certeza da redenção. Isto se harmonizaria melhor com a interpretação do nome dado em Mt 1.21. Quanto a uma outra derivação, de Jeho (Jehovah) e shua, socorro (Gotthilf), cf. Kuyper, Dict. Dogm.  O nome foi dado a dois bem conhecidos tipos de Jesus do Velho Testamento.

2. O NOME CRISTO. Se Jesus é o nome pessoal, Cristo é o nome oficial do Messias. É o equivalente de Mashiach do Velho Testamento, (de maschach, ungir) e, assim, significa “o ungido”. Normalmente os reis e os sacerdotes eram ungidos, durante a antiga dispensação, Ex 29.7; Lv 4.3; Jz 9.8; 1 Sm 9.16; 10.1; 2 Sm 19.10. O rei era chamado “o ungido de Jeová”, 1 Sm 24.10. Somente um exemplo de unção de profeta está registrado, 1 Rs 19.16, mas provavelmente há referências a isto em Sl 105.15 e Is 61.1. O óleo usado na unção desses oficiais simbolizava o Espírito de Deus, Is 61.1; Zc 4.1-6, e a unção representava a transferência do Espírito para a pessoa consagrada, 1 Sm 10.1, 6, 10; 16.13, 14. A unção era sinal visível de (a) designação para um ofício; (b) estabelecimento de uma relação sagrada e o resultante caráter sacrossanto da pessoa ungida, 1 Sm 16.13; cf. também 2 Co 1.21, 22. O Velho testamento se refere à unção do Senhor em Sl 2.2; 45.7, e o Novo testamento em At 4.27 e 10.38. Referências anteriores acham-se em Sl 2.6 e Pv 8.23, mas hebraístas atuais asseveram que a palavra nasak, empregada nestas passagens, significa “instalar”, “estabelecer”, e não “ungir”. Mas, mesmo assim, a palavra indica a realidade da primeira coisa simbolizada pela unção, cf. também Is 11.2; 42.1. Cristo foi instalado em Seus ofícios, ou designado para estes, desde a eternidade, mas historicamente a Sua unção se efetuou quando Ele foi concebido pelo Espírito Santo, Lc 1.35, e quando recebeu o Espírito Santo, especialmente por ocasião do Seu batismo, Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32; 3.34. Serviu para qualifica-lo para a Sua grande tarefa. Primeiro, o nome “Cristo” foi aplicado ao Senhor como um substantivo comum, com o artigo, mas gradativamente se desenvolveu e se tornou um nome próprio, sendo então usado sem artigo.

3. O NOME FILHO DO HOMEM. No Velho Testamento este nome se acha em Sl 8.4; Dn 7.13 e muitas vezes na profecia de Ezequiel. Acha-se também nos apócrifos Enoque 46 e 62 e 2 Esdras 13. Admite-se geralmente agora que o uso que o Novo testamento faz dele depende da citada passagem de Daniel, embora naquela profecia a expressão seja apenas uma frase descritiva, e não ainda um título. A transição daquela para este deu-se posteriormente e, ao que parece, já era um fato consumado quando o livro de Enoque foi escrito. Era a maneira mais comum de Jesus tratar-se a Si próprio. Ele aplicou o nome a Si mesmo em mais de quarenta ocasiões, ao passo que os outros evitavam emprega-lo. A única exceção nos evangelhos está em Jo 12.34, onde o nome aparece numa citação indireta de uma palavra de Jesus; e no restante do Novo testamento somente Estevão e João o empregam, At 7.56; Ap 1.13; 14.14.

Em sua obra sobre A Autorrevelação de Jesus (The Self-disclosure of Jesus), o Dr. Vos divide as passagens em que ocorre o nome e quatro classes; (a) passagens que se referem claramente à vinda escatológica do Filho do homem, como, por exemplo, Mt 16.27, 28; Mc 8.38; 13.26, etc. e paralelas; (b) passagens que falam particularmente dos sofrimentos, morte e (às vezes) ressurreição de Jesus, como por exemplo, Mt 17.22; 20.18, 19, 28; 12.40, etc. e paralelas. (c) passagens do quarto evangelho em que o lado super-humano, celestial, e a preexistência de Jesus são salientados, como, por exemplo, 1.51; 3.13, 14; 6.27, 53, 62; 8.28, e outras. (d) Um pequeno grupo de passagens nas quais Jesus considera a Sua natureza humana, Mc 2.27, 28; Jo 5.27; 6.27, 51, 62. É difícil determinar por que Jesus preferiu este nome como forma de autotratamento. Anteriormente o homem era em geral considerado como um título críptico, com o uso da qual Jesus tencionava velar antes que revelar a Sua messianidade. Esta explicação foi posta de lado quando se deu mais atenção ao elemento escatológico dos evangelhos, e ao uso do nome na literatura apocalíptica dos judeus. Dalman reviveu a ideia e voltou a considerar o título como “um ocultamento intencional do caráter messiânico sob um título que afirma a humanidade de Quem o leva”.  A suposta prova disto acha-se em Mt 16.13; Jo 12.34. mas a prova é duvidosa; esta última passagem até mostra que o povo entendia messianicamente o nome. O dr. Vos é de opinião que provavelmente Jesus preferiu este nome porque ele fica bastante afastado de toda e qualquer prostituição judaica do ofício messiânico. Chamando-se a Si próprio Filho do homem, Jesus infundiu à messianidade o Seu espírito centralizado nas realidades celestiais. E as alturas a que assim Ele elevou a Sua pessoa e a Sua obra bem podem ter tido algo que ver com a hesitação dos Seus primeiros seguidores quanto a chamá-lo pelo mais celestial de todos os títulos.

4. O NOME FILHO DE DEUS. O nome “Filho de Deus” foi variadamente aplicado no Velho testamento: (a) ao povo de Israel, Ex. 4.22; Jr 31.9; Os 11.1; (b) a oficiais de Israel, especialmente ao prometido rei da casa de Davi, 2 Sm 7.14; Sl 89.27; (c) a anjos, Jó 1.6; 2.1; 38.7; Sl 29.1; 89.6; e (d) a pessoas piedosas em geral, Gn 6.2; Sl 73.15; Pv 14.26. Em Israel o nome adquiriu significação teocrática. No Novo Testamento vemos Jesus apropriando-se do nome, e outros também o atribuindo a Ele. O nome é aplicado a Jesus em quatro sentidos diferentes, nem sempre mantidos em distinção na Escritura, mas às vezes combinados. O nome é-lhe aplicado:

a. No sentido oficial ou messiânico, mais como uma descrição do ofício que da natureza de Cristo. O Messias pode ser chamado Filho de Deus como herdeiro e representante de Deus. Os demônios evidentemente entenderam no sentido messiânico o nome quando p aplicaram a Jesus. Parece ter sido esse também o sentido em Mt 24.36; Mc 13.31. Mesmo o nome, como proferido pela voz, na ocasião do batismo de Jesus e quando da Sua transfiguração. Mt 3.17; 17.5; Mc 1.11; 9.7; Lc 3.22; 9.35, pode ser interpretado desse modo, mas com toda a probabilidade, tem um sentido mais profundo. Há várias passagens em que o sentido messiânico é combinado com o sentido trinitário, cf. abaixo, no item b.

b. No sentido trinitário. Às vezes o nome é utilizado para indicar a divindade essencial de Cristo. Como tal, ele indica uma filiação preexistente, que transcende absolutamente a vida humana de Cristo e Sua vocação oficial como o Messias. Acham-se exemplos deste uso em Mt 11.27; 14.28-33; 16.16, e paralelas; 21.33-46, e paralelas; 22.41-46; 26.63, e paralelas. Nalguns destes casos a ideia de filiação messiânica também entra, mais ou menos. Vemos a filiação ontológica e a filiação messiânica entrelaçadas também em várias passagens joaninas, nas quais Jesus dá a entender claramente que Ele é o Filho de Deus, conquanto não use o nome, como em 6.69; 8.16, 18, 23; 10.15, 30; 14.20,etc. Nas epístolas, Cristo é designado muitas vezes como o Filho de Deus no sentido metafísico, Rm 1.3; 8.3; Gl 4.4; Hb 1.1, e muitas outras passagens. Na teologia modernista é comum negar-se a filiação metafísica de Cristo.

c. No sentido natalício. Cristo é também chamado Filho de Deus e virtude do Seu nascimento sobrenatural. O nome é assim aplicado a Ele na bem conhecida passagem do Evangelho Segundo Lucas, na qual a origem da Sua natureza humana é atribuída à direta e sobrenatural paternidade de Deus, a saber, Lc 1.35. O Dr. Vos vê indicações deste sentido do nome também é negado pela teologia modernista, que não crê nem no nascimento virginal nem na concepção sobrenatural de Cristo.

d. No sentido ético-religioso. É neste sentido que o nome “filhos de Deus” é aplicado aos crentes no Novo Testamento. É possível que tenhamos um exemplo da aplicação do nome “Filho de Deus “a Jesus nesse sentido ético-religioso em Mt 17.24-27. Isto depende da questão sobre se Pedro é aí apresentado também como isento do imposto do templo. É especialmente neste sentido que a teologia modernista atribui o nome a Jesus. Ela entende que a filiação de Jesus é unicamente uma filiação ético-religiosa, um tanto elevada, é certo, mas não essencialmente diferente da dos Seus discípulos.

5. O NOME SENHOR (Kyrios). O nome “Senhor” é aplicado a Deus na Septuaginta, (a) como equivalente de Jeová; (b) como tradução de Adonai; e (c) como versão de um título honorífico aplicado a Deus (principalmente Adon), Js 3.11; Sl 97.5. No Novo Testamento vemos uma aplicação tríplice do nome a Cristo, um tanto parecida com a o Velho Testamento, (a) como uma forma polida e respeitosa de tratamento, Mt 8.2; 20.33; (b) como expressão de posse e autoridade, sem nada implicar quanto ao caráter e autoridade divinas de Cristo, Mt 21.3; 24.42; e (c) com a máxima conotação de autoridade, expressando um caráter exaltado e, de fato, praticamente equivalendo ao nome “Deus”, Mc 12.36, 37; Lc 2.11; 3.4; At 2.36; 1 Co 12.3; Fp 2.11. Nalguns casos é difícil determinar a conotação exata do título. Indubitavelmente, depois da exaltação de Cristo, o nome era geralmente aplicado a Ele no sentido mais exaltado. Mas, há exemplos do seu uso mesmo antes da ressurreição, onde evidentemente já se alcançara o valor especificamente divino do título, como em Mt 7.22; Lc 5.8; Jo 20.28. Há grande diferença de opinião entre os estudiosos com respeito à origem e desenvolvimento deste título, em sua aplicação a Jesus. A despeito de tudo quanto foi antecipado em contraposição, não há razão para não acreditar que o uso do termo, quando aplicado a Jesus, tem suas raízes no Velho testamento. Há um elemento constante na história do conceito em foco, o elemento, de posse com autoridade. As epístolas de Paulo sugerem a ideia adicional de que se trata de uma autoridade e posse com base em direitos antecedentemente adquiridos. É duvidoso se este elemento já está presente nos evangelhos.

Fonte: Teologia Sistemática, Louis Berkhof

TULIP Não Significa Reformado

ReformadoresHá quatro anos, Cristianismo Hoje publicou um artigo, “Jovem, Incansável, Reformado”. Neste artigo, o autor Collin Hansen analisou um fenômeno que existe há uma década: o retorno de muitos jovens cristãos as doutrinas reformadas. Ele entrevistou alguns pastores e jovens membros de igrejas que saíram de movimentos carismáticos e “igrejas sensíveis ao público” que agora adotam as doutrinas do Calvinismo. Na opinião de Hansen, esse retorno é menos divulgado, mas é muito maior e persuasivo do que a “igreja emergente” ou a “igreja sensível ao público”. Ele acredita que o retorno do “Calvinismo” está “balançando a Igreja”. Ele chamou atenção para a popularidade de velhos autores Puritanos entre os “novos Reformados”, especialmente entre os jovens. O velho puritanismo dos séculos 17 e 18 pareciam ser o combustível ideológico por trás do retorno Calvinista. Muitas das obras Puritanas estavam sendo relançadas por causa do interesse renovado. Um professor em Gordon-Conwell chegou a dizer que ele suspeitava que “jovens evangélicos são atraídos aos Puritanos em busca de raízes históricas mais profundas e modelos para um Cristianismo dedicado”.

Isso foi muito encorajador. Tudo de bom que o Ocidente tem hoje – os conceitos de liberdade, estado de direito, ética de trabalho superior, organizações caridosas, espírito empreendedor, poupança e investimento em longo prazo, etc. – é devido a teologia Reformada e aqueles que a aplicaram na prática. Quando a hora chegou da liberdade ser defendida por todo mundo Ocidental, e especialmente na América, foram pregadores Reformados e Puritanos que encorajaram populações a defender suas liberdades sob Deus, e foram leigos Reformados e Puritanos que lideram as estações de batalha contra a opressão. E foram líderes Reformados e Puritanos que trabalharam para construir o Ocidente como uma sociedade justa e próspera, e para espalhar as ideias de liberdade ao resto do mundo; os outros só seguiram o exemplo. Então, se Collins estava correto em sua análise sobre o retorno do Calvinismo, então teríamos de volta a solução historicamente comprovada para a decadência da América no socialismo, paganismo, turbulência política e recessão econômica.

Mas seja qual fosse a esperança que alguém poderia extrair do que Hansen viu como o retorno do Calvinismo, estaria completamente extinguida em nossa experiência dos últimos dois anos. Em uma época em que nossa sociedade está lutando para preservar aquilo que a América já representou – tudo o que os Puritanos nos entregaram no decorrer das gerações – estes “novos Reformados” de Hansen falharam em materializar quando a influencia foi mais necessária. Desde 2008, em nossa intensa guerra cultural contra aqueles que querem subverter a América, as igrejas chamadas de “Reformadas” por Hansen não são de qualquer maneira visíveis. Seja qual for o “combustível” que pegaram emprestado dos Puritanos, não foi capaz de produzir os pregadores reformados responsáveis pela Primeira Revolução Americana. Não vemos esses novos reformadores assumindo a liderança em uma Segunda Revolução Americana. Se a Primeira Revolução foi chamada pelo Rei George de “Revolução Presbiteriana”, não há qualquer motivo para Obama, Nancy Pelosi ou qualquer outro aspirante a tirano esquerdista falar da “Insurreição Reformada” ou da “Tea Party Calvinista”. Longe de serem os herdeiros espirituais ou ideológicos dos Puritanos, os pastores mencionados no artigo de Hansen são muito cuidadosos em nunca mencionar nada de relevante nas batalhas culturais de nosso tempo.

Por quê? Por que um movimento tão grande e persuasivo de retorno as nossas raízes Reformadas não consegue produzir uma resposta apropriadamente Reformada? Uma mente Puritana não deveria produzir uma prática Puritana, individualmente e socialmente? Se os antigos Puritanos nos deram a América, os Puritanos modernos não deveriam restaurar a América ao que ela deveria ser? Como conciliar essa contradição?

A resposta é o seguinte: Não há contradição. Hansen está errado. O que ele acredita ser um “retorno ao Calvinismo” não é. O que ele vê como pastores e crentes “Reformados” não são. A definição que Hansen dá de “Reformado” é truncada. O motivo pelo qual não vemos uma resposta Puritana é porque não há influencia teológica Puritana nas igrejas que ele entrevistou. Ele somente vê a superfície. A essência não é Reformada.

Na procura por igrejas “Reformadas”, Hansen usa a TULIP – o acrônimo dos cinco pontos para Calvinismo – como sua régua de medição. Se uma Igreja acredita na TULIP (Total Depravação, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível, Perseverança dos Santos), se ensina isso, se isso se tornou o ponto central de sua doutrina, então Hansen acredita que é “Reformada”. TULIP é mencionado, direta ou indiretamente, mais de 20 vezes no artigo. É a inspiração de alguns dos convertidos ao Calvinismo que foram entrevistados em seu artigo. Algumas das igrejas “Reformadas” importantes têm cursos e instruções especiais sobre a TULIP. Outros estão nos púlpitos ousadamente pregando sobre. TULIP é o principio e fim do que Hansen define como “Calvinismo”. Ele acredita que se uma igreja é focada na TULIP, é Reformada.

A verdade que Hansen não percebeu é que TULIP não é a essência da teologia Reformada. É claro, as doutrinas da Total Depravação, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos Santos são um passo inicial importante em direção ao imenso corpo de verdades teológicas chamadas de “teologia Reformada”. É um resultado direto do conceito maior da Soberania de Deus. É uma descrição correta do estado caído do homem e da obra de Deus na salvação do indivíduo. Quando olhamos para o alto e agradecemos a Deus pelo que ele fez pessoalmente por nós, pensamos “TULIP”, mesmo que não conhecêssemos ou compreendêssemos o termo.

Em resumo, TULIP é o acrônimo para o “mecanismo” de nossa salvação pessoal. E só isso. Nada além de nossa salvação pessoal. Mas a teologia Reformada inclui imensuravelmente mais que simplesmente nossa salvação pessoal. E quanto uma Igreja faz da TULIP a soma de toda sua teologia, essa Igreja não é Reformada. Sim, ela deu o primeiro passo nessa direção, mas ainda está longe do objetivo.

Os Puritanos que os “novos Reformados” dizem gostar e seguir ficariam profundamente surpresos se alguém colocasse toda a Soberania de Deus na salvação individual das almas. Isso pareceria realmente egoísta para eles – ficaria parecendo que a Soberania de Deus foi feita para servir as necessidades do homem, em fez da salvação do homem servir aos planos de Deus. A salvação de indivíduos nunca ocupou um status tão alto no pensamento dos Puritanos e sim o Reino de Deus e sua justiça. Os Puritanos entendiam que os planos de Deus eram uma prioridade acima da salvação de indivíduos; o Faraó e seu coração endurecido era um tópico de sermão favorito para muitos pregadores Puritanos. Eles não vinham a soberania de Deus somente na salvação, mas também na condenação e em muitas outras coisas. O evangelismo realmente chamava para o arrependimento individual e para andar em justiça, mas eles compreendiam que pregar a salvação era somente o leite (Hb 6.1-2). Havia mais áreas do conhecimento e práticas que são alimentos mais sólidos e que merecem mais atenção.

O artigo de Hansen mencionou aqueles dentre os jovens “novos Reformados” que saíram das “igrejas sensíveis ao público” e se tornaram Reformadas. Mas o que mudou para essas pessoas? Sim, a justificação teológica para a fé mudou, sem dúvidas. Não acreditam mais que conquistam a própria salvação. Mas as prioridades e motivações mudaram? De jeito nenhum. Tanto em um ambiente “sensíveis ao público” quanto “novo Reformado”, o foco é no EU e no MEU, o que Deus fez por MINHA salvação. O principio e o fim é a salvação pessoal e só isso. Em um sentido muito verdadeiro, os “novos Reformados” são simplesmente uma versão teologicamente correta do movimento “sensível ao público”: o egoísmo da busca continua lá, exceto que agora tem uma teologia melhor. Essa ênfase em si mesmo, nas MINHAS necessidades, pareceria uma reinterpretação grosseira da Soberania de Deus para os antigos Puritanos. Dificilmente eles reconheceriam a si mesmos ou suas ideias no movimento “novo Reformado”. Não é o legado deles e a obsessão com batalha espiritual pessoal não fazia parte de suas mentes ou cultura.

Qual foi o legado deixado pelos Reformadores para futuras gerações?

Não foram igrejas cheias de crentes que ansiosamente estudam teologia somente para regozijar-se com sua salvação pessoal. Alias, com duas exceções – Escócia e Hungria – os primeiros Reformadores não nos deixaram igrejas permanentes. Não foram sermões intelectualizados de linguagem psicologicamente elaborada que analisam cada sentimento e emoção que um crente possa ter. Não foram sermões corajosos sobre tópicos irrelevantes, de importância periférica para nossa era e cultura. E, sem dúvidas, não foi uma crença em um Deus que somente é soberano para salvar indivíduos e nada mais.

O legado mais duradouro foi sobre o cultivo de sociedades, cujas culturas se baseavam na aplicação prática da teologia Reformada, de cima a baixo. Genebra, Estrasburgo, Holanda, Inglaterra, Escócia, Hungria, as comunidades huguenotes na França e posteriormente na Carolina do Norte e do Sul, Oranje-Vrystaat e Transval. Sociedades que se tornaram luz para o mundo, uma encarnação da liberdade e justiça de Cristo para todos. Os crentes Reformados de séculos anteriores construíram uma civilização que influenciou o mundo permanentemente. Eles mudaram o mundo, não pelo egoísmo de enfatizar a própria salvação, mas pela obediência em ensinar as nações e construir o Reino de Deus.

Foram cidades edificadas sobre o monte que nos deixou um legado, e o lema “Cidade Sobre o Monte” é o que melhor descreve a teologia Reformada hoje, não TULIP. Sejam Calvinistas ou Arminianos, Cristãos e Não-Cristãos, todo mundo na América hoje – e não somente na América – é uma testemunha do sucesso de construir aquela “Cidade Sobre o Monte”. Os Puritanos de quem Hansen falou não chegaram nesse litoral para encontrar a perfeita teologia TULIP. De fato, eles criam na soberania de Deus sobre a salvação, mas eles criam em muito mais do que isso. Eles sabiam que eram predestinados por Deus para serem os vasos escolhidos para manifestar a Soberania de Deus sobre culturas e sociedades de homens ao construir uma nova civilização. “Os reinos deste mundo vieram a ser o Reino de nosso Deus” tinha um significado muito específico para os Puritanos, e essa visão era o que caracterizava a visão deles de Soberania.

Com uma visão de Cidade Sobre o Monte, os Puritanos estavam muito mais preocupados com questões legais e culturais da sociedade do que com questões psicológicas e filosóficas da existência humana, como é o caso dos “novos Reformados”. Justiça e retidão era a prioridade acima de espiritualização excessiva e experiências místicas. Desenvolveram códigos legais, teorias e praticas econômicas, organização social, educação e ciência. Eles não se preocupavam com os pequenos e irrelevantes detalhes da vida espiritual do Cristão. Eles viam valor em encarnar as verdades de Deus na cultura, não em teologia do interior. A visão que tinham do mundo era de uma unidade, segundo a Lei de Deus, espiritual ou material, igreja, família, estado, mente, matéria, lei e graça. Eles não seriam capazes de compreender o dualismo das igrejas dos “novos Reformados”. “Pacto”, para eles, não era um termo religioso. Era o componente essencial de todas as relações, espirituais ou temporais, e todos os pactos – na esfera civil, no comercio, igreja, família, escola – deveria imitar o pacto supremo entre Deus e a humanidade em Jesus Cristo.

É por isso que quando John Whitherspoon declarou que a liberdade de cultuar e a liberdade econômica e política eram coisas inseparáveis, ele não estava declarando uma nova doutrina. Ele estava proclamando o que aprendeu com seus antepassados espirituais, com Agostinho, Calvino, Mather e Edwards. E quando os discípulos de Whitherspoon se juntaram para se tornar os Pais Fundadores dos Estados Unidos da América, isso foi um ato verdadeiramente Reformado, uma consequência lógica das doutrinas da Reforma.

Aqueles que querem ser Reformados hoje, não podem ficar limitados ao pensamento confortável de que Deus lhes deu a salvação pessoal. Reformado significa a Soberania de Deus sobre tudo – tudo na vida, pensamento e ação do homem, incluindo a sociedade e cultura do homem. Portanto, os “novos Reformados” de Hansen não são Reformados. É somente uma versão teologicamente de uma religião centrada no homem.

Da próxima vez que Cristianismo Hoje quiser encontrar o retorno do Calvinismo, a frase chave não é TULIP. O retorno do Calvinismo será conhecido pelo seguinte: “Cidade Sobre o Monte”, “Visão de Mundo Abrangente”, “Ensinar as Nações”, “Os Direitos Régios de Jesus Cristo Sobre Todas as Áreas da Vida”, “Cristandade”, “Domínio sob o Pacto de Deus”. O artigo deve se chamar: “Os Reformados, Historicamente Otimistas, Voltados para o Domínio”. Qualquer outra coisa será somente uma imitação vazia do legado dos Puritanos, não verdadeiramente Reformado.

 Escrito por: Bojidar Marinov

Tradução: Frank Brito

Fonte: www.americanvision.org via monergismo.com

Eu sou o carnaval

Uma música baiana popular deixou muito evangélico desconfiado na década de 90. Naquele tempo, as igrejas batistas (ao menos aqui em Brasília) começavam a viver a paranoia que muitos escritores populares provocam nos evangélicos quando falam de batalha espiritual. Tudo o que era popular corria um grande risco de ser fruto de um “pacto com o diabo”: Família Dinossauros, Jaspion, Fido Dido (um personagem que ninguém com menos de 25 anos conhece), Cavaleiros do Zodíaco, O Rei Leão e, claro, O Canto da Cidade, de Daniela Mercury.

Por que essa música atraía a atenção dos guerreiros da luz de plantão? Primeiro, por que estava na moda (como o Fido Dido). Segundo, por que na música Daniela Mercury praticamente personificava o carnaval dizendo: “Não diga que não me quer / Não diga que não quer mais / Eu sou o silêncio da noite / O sol da manhã… Mil voltas o mundo tem / Mas tem um ponto final / Eu sou o primeiro que canta / Eu sou o carnaval…”.

Não vou falar sobre pactos com o inimigo (enfim, não existe base bíblica e prefiro não ir além do que foi revelado), mas a letra realmente tem um tom sinistro. E, vista sob esse ângulo (seja ele verdadeiro ou uma viagem), ela lembra algo sobre o Carnaval. Muito dessa “festa popular” realmente tem por trás o inimigo do Senhor, que veio para matar, roubar e destruir. Não falo apenas da luxúria, do mau uso do dinheiro público ou da violência dessa época. Mas da própria essência do que se comemora.

Antes de falar do Carnaval, quero mencionar um episódio fantástico de uma série fantástica chamada Community. Em um episódio de fim de ano, Abed, um dos personagens da série, entra em uma busca para descobrir o sentido do Natal. Parece piegas, mas o episódio é justamente uma paródia do tipo de filme que você associou quando falei em “descobrir o sentido do Natal”. No fim, Abed descobre que o sentido do Natal é procurar o sentido do Natal.

O episódio é engraçado e genial. Mas há uma mensagem colateral. E ela diz que o dia 25 de dezembro foi tão esvaziado do seu significado que cabe a nós dar um jeito nele, impondo nossa própria versão do que é essa festa. Porém, como bons pós-modernos que somos, nossa resposta não satisfará, e sim a busca por ela. Resumindo: você está correndo atrás do vento porque tudo é vaidade. Mas continue correndo, que faz mais sentido que ficar parado.

E isso tem muito a ver com o Carnaval.

Todo carnaval tem seu fim?

A origem da festa é remota. Alguns a associam a rituais dedicados ao deus Baco, chamados de Bacanal. Pelo nome, já podemos saber que o que se passava nesse festival dispensa explicação e não recomenda imaginação. Outros ligam o carnaval à Saturnália, uma festa dedicada ao deus Saturno, que envolvia diversão, jogos, licenciosidade e por aí vai. Historiadores dizem que havia certa subversão da ordem social, com escravos sendo tratados de maneira semelhantes aos seus senhores por alguns dias.

A Quaresma (período entre a quarta-feira de cinzas e a Páscoa) também pode estar ligada ao surgimento do Carnaval. Por ser um período de jejum e contrição, representando os 40 dias de Jesus no deserto, diz-se que muitos cristãos consumiam as bebidas, guloseimas e alimentos nos dias que o precediam. Até falam que o nome da festa vem de “carne”, não daquela carne que Paulo menciona em seus textos, mas da carne que era consumida ou jogada fora nesses dias.

O carnaval de hoje é esquisito porque ele não parece comemorar nada. Não estou dizendo que os motivos para comemoração dos seguidores de Baco, Saturno e do Romanismo eram dignos. Mas eles eram motivos. Se pararmos para pensar, o que celebra hoje o carnaval?

Veja – no dia 25 de dezembro, celebra-se o nascimento de Jesus (em alguns lugares apenas na teoria, mas a questão é que há um motivo). Em junho, celebram-se os santos. Podemos não gostar e alguns podem apenas celebrar o fato de comerem comida de festa junina, mas sabemos que são os santos que são lembrados. Já em setembro, é a vez da independência do nosso país. Novamente – pode ter sido uma independência meio fajuta, mas é o que se comemora. Dia do trabalho, celebramos o trabalho. No dia das mães, agradecemos pelas nossas mães. No dia da secretária, pelas nossas secretárias. Nos aniversários, pelas nossas vidas. E por aí vai.

“No carnaval, o povo faz a maior festa popular do mundo”, alguém pode dizer. “É só alegria. É o ponto alto do ano”, uma chicleteira pode opinar. “É a festa onde não há pobre nem rico”, diz o iludido. De qualquer forma, a questão não é respondida. Não há um alvo para que o carnaval aponta. Não há um motivo. Baco foi esquecido, o calendário litúrgico não é mencionado pela maioria dos foliões e quem é Saturno?

O carnaval é uma festa curiosa por isso – não há propósito, não há motivo de comemoração. Celebra-se simplesmente o fato de se estar celebrando. A “alegria” não tem causa nem objeto pra se alegrar. É uma festa que existe voltada para si mesma. É carnaval porque é tempo de carnaval e por isso comemoro o carnaval. Todo carnaval tem seu fim, mas o carnaval mesmo não tem qualquer fim.

Por que eu sou o carnaval

A Bíblia ensina que o homem deliberadamente suprime o conhecimento de Deus, na tentativa rebelde de tornar-se autônomo e enxergar o universo por seus próprios olhos. Tentando tornar-se sábio, ele esvazia a vida de seu significado e torna-se louco. Ao tirar Deus do centro de tudo, precisa preencher com o que mais se parece com ele – a criação. Ele acaba adorando outros homens, animais e coisas inanimadas. Mas, no fim, é a si mesmo que ele tenta satisfazer.

Podemos nos curvar a homens, animais, dinheiro, sexo ou fortuna, mas, quando caem as máscaras dos ídolos, é a nós mesmos que nos ajoelhamos. Achamos que certo “redentor” nos tirará da insatisfação. Às vezes, podemos até dar a ele o nome de “Deus” ou “Jesus” e continuarmos no centro do nosso mundo. É por isso que creio que não há nada mais parecido com o carnaval que a idolatria.

Como já disse, o carnaval é o único feriado que celebra o próprio feriado. Ou seja, nada é comemorado ou lembrado. É idólatra e vazio por natureza. Como Abed tentou fazer com o Natal, cabe a cada um procurar um sentido nessa festa da vaidade. E já que não conseguimos, o jeito é entrar num estado de euforia que dura alguns dias. Sacrificamos nossos bens peregrinando até Salvador ou na cidade do Cristo Redentor (que ironia), vestimos seus trajes sagrados e participamos da celebração do nada.

Um amigo meu brincou: “se o carnaval é vazio, então enche de novo o copo”. Nada mais verdadeiro.

Com isso, não quero levantar o ódio ou desprezo por conhecidos, amigos e parentes que veem essa festa como o auge do ano. Quero que nos lembremos deles e oremos por eles. Que, ao recebê-los na quarta-feira de cinzas nos lembremos de que, como Salomão, eles procuravam a alegria:

Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade. Ao riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta? Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo porém o meu coração com sabedoria), e entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida. E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho. E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.                                                                                                                

                                                                                                                      Eclesiastes 2.1-3,10-11

Que nos lembremos de que por trás da máscara dos ídolos, há um coração vazio como o carnaval, em busca de um sentido, do fim da injustiça, da alegria eterna e duradoura, de algo que está além do sol.

Que nos lembremos outro ser também se esconde por trás de Baco, Saturno, das imagens de santos, do Sexo, do Vício, e dos falsos salvadores/redentores – o pai da mentira, da autonomia e dos ídolos.

Nesse carnaval, dediquemos nossos corações a voltar-se para aquele que é o princípio e o fim de tudo o que há. Aquele que promete verdadeira alegria, que promete encher-nos verdadeiramente com seu Espírito, que nos dá um sentido para comemorar tanto o passado, quanto o futuro. E que essa mensagem esteja em nossas mentes ao encontrarmos os foliões que retornam das festas.

Se antes, o povo comia e bebia porque os dias tristes estavam chegando, que hoje comamos e bebamos para a glória de Deus. A verdadeira festa vem. E o alvo de é o Pai.

Neste monte o Senhor dos Exércitos preparará um farto banquete para todos os povos, um banquete de vinho envelhecido, com carnes suculentas e o melhor vinho.

Neste monte ele destruirá o véu que envolve todos os povos, a cortina que cobre todas as nações; destruirá a morte para sempre. O Soberano Senhor enxugará as lágrimas de todo o rosto e retirará de toda a terra a zombaria do seu povo. Foi o Senhor quem disse!

Naquele dia dirão: “Esse é o nosso Deus; nós confiamos nele, e ele nos salvou. Esse é o Senhor, nós confiamos nele; exultemos e alegremo-nos, pois ele nos salvou”. Isaías 25.6-9 (NVI)

 Josaías Jr.

Fonte: Iprodigo

Os Puritanos (1)

Os puritanos ingleses foram ministros na Igreja da Inglaterra que tentaram produzir uma  reforma na Igreja nacional.  Os puritanos constituíam sempre uma minoria, a qual nunca excedeu 20%. Não foram bem-sucedidos na sua tentativa de reformar a Igreja.  Contudo, eles exerceram um estilo de oração e pregação que teve grande influência na nação.  Nos seus escritos encontramos os melhores recursos da literatura expositiva cristã jamais disponíveis na história da Igreja Cristã no mundo.  Desde a década dos anos 1960, o valor dos livros puritanos tem sido redescoberto nos países de língua inglesa.  Subsequentemente, certos títulos excelentes têm sido traduzidos para outras línguas.  Os puritanos ingleses, como pastores e pregadores, foram mais fortes onde nós somos mais fracos hoje.  Esta série irá relatar a história de como os puritanos ingleses vieram a existir.  Irá descrever as vidas de puritanos proeminentes. Certos assuntos relevantes em que foram mestres serão expostos para o nosso proveito.

A História dos Puritanos

Em sua “Abreviada História do Povo Inglês”, J.R. Green declarou: “Nenhuma mudança moral jamais aconteceu numa nação como ocorreu na Inglaterra durante os anos entre a metade do reinado de Elizabeth e o encontro do Longo Parlamento (1640-1660). A Inglaterra se tornou o povo de um livro, e este livro era a Bíblia”.[1]

Isso pode soar exagerado, mas podemos ter certeza de que Green quis dizer que os Puritanos eventualmente exerceram uma influência espiritual totalmente desproporcional ao seu pequeno número, pois sempre eram minoria. Isso ajudará a ver a história em perspectiva se nos lembrarmos de que a população da Inglaterra em 1500 era de cerca de dois milhões e por volta de 1600 havia crescido para aproximadamente quatro milhões. Em relação à religião, apesar da obrigatoriedade de se frequentar a igreja, é duvidoso afirmar que mais do que um quarto da população da Inglaterra durante este período tinha qualquer religião. É interessante observar que, na atualidade, a população da Inglaterra é de cerca 48 milhões e o país é dividido em 13.000 paróquias com 10.000 clérigos, 8.000 assalariados. Esta observação geral precisa ser lembrada, não somente pelo período em questão, porém muito mais em relação aos tempos atuais, quando aqueles que professam e praticam a fé cristã constituem provavelmente menos de 10 por cento da população. Ralph Josselin, em sua paróquia em Essex não celebrou sua Ceia do Senhor por nove anos e quando ele o fez, em 1651, apenas trinta e quatro pessoas foram qualificadas para participar. Josselin falou de três categorias de paroquianos: primeiro, aqueles que raramente ouvem a pregação; segundo, aqueles que são “ouvintes sonolentos”; e terceiro, “nossa sociedade” um pequeno grupo de pessoas piedosas.

A religião nominal sempre tem caracterizado a grande maioria dos Anglicanos. Era assim naquela época tanto quanto agora. Por volta de 1600, o número de ministros puritanos havia crescido cerca de dez por cento, ou seja, em torno de 800 dos 8.000 clérigos da igreja da Inglaterra. Por volta de 1660, esta proporção cresceu aproximadamente vinte e cinco por cento. Entre 1660 e 1662 cerca de 2.000 foram expulsos da Igreja Nacional da Inglaterra.

Antes da Reforma, a igreja da Inglaterra era católico-romana. Em características, era uma coleção de práticas, hábitos e atitudes ao invés de um corpo de doutrinas intelectualmente coerentes. A protestantização da Inglaterra foi essencialmente gradual, ocorrendo vagarosamente durante o reinado de Elizabeth “um pouco aqui, um pouco ali”, e de forma muito fragmentada. A partir de 1600, o crescimento começou a acelerar-se. Na época do rompimento de Henrique VIII com Roma, a Inglaterra era totalmente católico-romana. Por volta de 1642, estima-se que não mais de dois por cento eram católicos, embora dez por cento da aristocracia ainda o fosse.

Por todo o período que desejo destacar a Inglaterra era uma sociedade monolítica. Todos eram obrigados a conformarem-se à Igreja da Inglaterra. Isso gerou os “recusantes”, aqueles que, por causa de suas convicções puritanas ou pela lealdade à igreja católica romana, recusaram-se a frequentar os cultos da Igreja da Inglaterra. De 1570 a 1791 isso era sujeito a penalidades que envolviam muitas desvantagens civis. Os recusantes passaram a aquietar-se para se livrarem dos problemas. Foi durante o período de 1640 a 1660 que surgiram as denominações cristas: Presbiterianas, Congregacionais, Batistas e Quaqueres (todos estes juntos representando cerca de cinco por cento da população apenas). O Ato de Tolerância de 1689 marcou o fim da alegação da Igreja da Inglaterra se ser a única Igreja inclusiva do povo inglês, embora continuasse a ser a Igreja estabelecida pela lei.


[1] J.R. Green, Short Story of the English People

Fonte: Quem foram os Puritanos, Erroll Hulse – PES, 2004