Mulheres que Amam Demais

Elas sofrem com uma dura constatação: investem mais no relacionamento do que eles, sentem que o amor depositado não tem um retorno a contento, temem que são traídas ou que estão prestes a ser abandonadas. Pior: acham que nunca conseguirão viver sem seus parceiros, toda sua identidade, autoestima e futuro dependente do afeto e da atenção que especificam deles.

O diagnóstico da síndrome do “amar demais” ganhou como livrarias na metade dos anos 1980 com “Mulheres que Amam Demais” , lançado pela terapeuta conjugal e conselheira pedagógica Robin Norwood. A norte-americana especializou-se no tratamento de padrões mórbidos de relacionamento amoroso e no tratamento de viciados em álcool e drogas.

Em 1985, “Mulheres que Amam Demais” começou a virar o livro de cabeceira de muitas vítimas do comportamento afetivo obsessivo. 

São 11 capítulos que tentam dar um “choque” sobre os prejuízos de um relacionamento em que o outro é sufocado, monitorado, obtenção, alvo de ciúmes doentios, expectativas exageradas: “Amar o homem que não corresponde a esse amor”, “Bom relacionamento sexual em relações ruínas “,” Se eu sofrer por você, você me ama? “,” A necessidade de ser necessária “,” Vamos dançar? “,” Homens que escolhem mulheres que amam demais “,” A Bela e a Fera “, “Quando um vício alimenta o outro”, “Morrer por amor”, “O Caminho da Recuperação” e “Recuperação e intimidade: diminuindo a distância”.

Uma das hipóteses neste clássico da leitura feminina é a tendência de algumas mulheres tentarem “salvar” seus parceiros com uma boa noite de sexo, principalmente depois de uma discussão ou briga chata.

“As mulheres que amam demais frequentemente encaram o dilema de bom relacionamento sexual em relações infelizes e sem esperança. Fomos ensinadas que ‘bom’ relacionamento sexual significa amor ‘de verdade, e que, contrariamente, o sexo não poderia ser realmente satisfatório e realizador se o relacionamento não fosse, como um todo, correto para nós “, diz Robin na página 56.

As seguintes características são típicas de mulheres que amam demais:

1. Você vem de um lar desajustado em que suas necessidades emocionais não foram satisfeitas.

2.Como não recebeu um mínimo de atenção, você tenta suprir essa necessidade insatisfeita através de outra pessoa, tornando-se superatenciosa, principalmente com homens aparentemente carentes.

3.Como não pôde transformar seus pais nas pessoas atenciosas, amáveis e afetuosas de que precisava, você reage fortemente ao tipo de homem familiar mas inacessível, o qual você tenta, mais uma vez, transformar através de seu amor.

4.Com medo de ser abandonada, você faz qualquer coisa para impedir o fim do relacionamento.

5.Quase nada é problema, toma muito tempo ou mesmo custa demais, se for para “ajudar” o homem com quem está envolvida.

6.Habituada à falta de amor em relacionamentos pessoais, você está disposta a ter paciência, esperança, tentando agradar cada vez mais.

7.Você está disposta a arcar com mais de 50 por cento da responsabilidade, da culpa e das falhas em qualquer relacionamento.

8.Sua autoestima está criticamente baixa, e no fundo você não acredita que mereça ser feliz. Ao contrário, acredita que deve conquistar o direito de desfrutar da vida.

9.Como experimentou pouca segurança na infância, você tem uma necessidade desesperadora de controlar seus homens e seus relacionamentos. Você mascara seus esforços para controlar pessoas e situações, mostrando-se “prestativa”.

10.Você está muito mais em contato com o sonho de como o relacionamento poderia ser que com a realidade da situação.

11.Você tende psicologicamente e, com freqüência, bioquimicamente a se tornar dependente de drogas, álcool e/ou certos tipos de alimento, principalmente doces.

12.Ao ser atraída por pessoas com problemas que precisam de solução, ou ao se envolver em situações caóticas, incertas e dolorosas emocionalmente, você evita concentrar a responsabilidade em si própria.

13.Você não tem atração por homens gentis, estáveis, seguros e que estão interessados em você. Acha que esses homens “agradáveis” são enfadonhos.

JACÓ, RAQUEL E LIA

Leia Gênesis 29.

Existe uma história na Bíblia que ilustra como a busca pelo amor pode se transformar em um tipo de escravidão. É a história de Jacó e Lia em Gênesis 29, que, apesar de muito antiga, nunca foi tão relevante quanto nos dias de hoje. Sempre foi possível transformar o amor romântico e o casamento em um falso deus, mas vivemos em uma cultura que torna cada vez mais fácil confundir o amor com Deus, ser arrastado por ele e colocar nele todas as esperanças de felicidade […].

Nenhuma pessoa, nem a melhor de todas, pode dar tudo aquilo de que a alma precisa. Você pensará que foi para a cama com Raquel, mas quando acordar será sempre Lia. Essa desilusão e desapontamento cósmicos estão sempre presentes em todos os aspectos da vida, mas nós experimentamos esses sentimentos principalmente em relação ao que mais esperamos.

Quando você finalmente perceber isto, existem quatro resoluções que pode tomar. Pode culpar as coisas que estão desapontando e mudar para outras melhores. Este é o caminho da idolatria continuada e do vício espiritual. A segunda é se culpar, se estapear e dizer: “De alguma forma, fui um fracasso. Vejo a felicidade de todos os outros. Não sei porque não sou feliz. Há algo errado comigo.” Esse é o caminho do autodesprezo e da vergonha. A terceira coisa é culpar o mundo. Você pode dizer “Maldito seja o sexo oposto”, e se tornar cínico, duro e vazio. Finalmente, como C.S. Lewis afirma […] você pode reorientar todo o foco de sua vida para Deus. Ele conclui: “Se encontro em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que fui feito para outro mundo [algo sobrenatural e eterno].”

O fracasso do amor romântico como solução dos problemas humanos é parte da frustração do homem moderno. […] Nenhum relacionamento humano pode suportar o peso do endeusamento. […] Por mais idealizado e idolatrado que seja [o parceiro], ele inevitavelmente mostra imperfeições e fraquezas. No final das contas, o que é que queremos quando elevamos o nosso parceiro a essa posição? Queremos nos livrar das nossas culpas, nossa sensação de vazio. Queremos ser justificados, saber que nossa existência não é em vão. Queremos redenção – nada menos que isso. Não é preciso dizer que parceiros humanos não podem nos redimir.

Com relação ao amor romântico, tanto a idolatria estereotipada do homem quanto a da mulher são becos sem saída. Muitas vezes se diz que “o homem usa o amor para conseguir sexo e a mulher usa o sexo para conseguir amor”. Há alguma verdade nisso, como em todos os estereótipos, mas a história mostra que ambos os falsos deuses desapontam. Porque procurou dar valor à sua vida tendo uma mulher fisicamente bonita, Jacó entregou o coração a uma mulher cujas falhas e imaturidade não conseguia ver. O falso deus de Lia não era o sexo. Ela obviamente tinha acesso ao corpo do marido, mas não ao seu coração e compromisso. Ela o queria “ligado” a ela, queria ter seu coração apegado a ela. Mas isso não aconteceu. A vida dela ficou confinada a frivolidades e misérias.

[…] Lia é a única pessoa nessa triste história a fazer algum tipo de progresso espiritual, embora isso aconteça apenas perto do fim. Primeiro olhe para o que Deus faz nela. Uma das coisas que estudiosos notam é que, em todas as suas declarações, Lia invocou o Senhor. Ela usou o nome Jeová […] Assim, embora estivesse em luta e confusa, ela pôde se achegar a um Deus pessoal e gracioso.

Depois de anos engravidando, no entanto, houve uma importante descoberta. Quando deu à luz seu quarto filho, Judá, ela disse: “Desta vez louvarei o Senhor.” Havia um desafio nessa afirmação. Era uma declaração diferente das que ela havia feito depois dos partos anteriores. Não havia menção ao filho ou ao marido. Parece que ela finalmente havia desviado seus desejos mais profundos do marido e dos filhos, direcionando-os para o Senhor. Jacó e Labão haviam roubado a vida de Lia, mas ela a recebeu de volta quando finalmente entregou seu coração ao Senhor.

Não devemos olhar apenas para o que Deus fez nela. Temos de olhar também para o que Deus fez por ela. Lia deve ter sentido que havia algo de especial nesse último filho. Ela deve ter tido a intuição de que Deus fizera algo por ela. E de fato fizera […] O filho era Judá, e em Gênesis 49 nos é dito que é por meio dele que o verdadeiro Rei, o Messias, virá um dia. Deus veio à garota que ninguém queria, a mal amada, e fez dela a mãe ancestral de Jesus. […] O texto diz que, quando o Senhor viu que Lia não era amada, ele a amou. É como se Deus declarasse: “Eu sou o verdadeiro noivo, o marido das sem marido, o pai dos órfãos”. Esse é o Deus que salva pela graça.

[…] aqui está a força para superarmos as idolatrias. Existem muitas pessoas no mundo que não encontraram pares românticos, e elas precisam ouvir o Senhor dizer: “Eu sou o verdadeiro Noivo. Há apenas um par de braços que pode dar tudo o que o seu coração deseja e espera por você no final dos tempos, se você se voltar para mim e souber que eu amo você agora”. No entanto, não apenas os que não têm cônjuge precisam ver que Deus é seu principal cônjuge, mas também aqueles que os têm. Eles precisam disso para salvar seus casamentos do peso esmagador de suas expectativas divinas. Se você se casa com uma pessoa esperando que ela seja um deus, o desapontamento é inevitável. Não é que você deva amar menos seu parceiro [ou que você não deva ansiar por um], mas sim que você deve conhecer e amar mais a Deus. Como podemos conhecer o amor de Deus de forma profunda a ponto de libertar nossos cônjuges de nossas expectativas sufocantes? Voltando-nos àquele para quem a vida de Lia aponta […] Jesus Cristo.

Ps.: Em nossa cultura moderna, vem havendo uma tendência de libertar as mulheres do ideal de casamento e filhos, mas vale destacar que o ponto que o autor pretende neste capítulo não é incentivar as mulheres (como a cultura moderna faz) a abandonarem a ideia de casar e ter filhos. Afinal, não é ruim desejar isso, o ponto em questão é quando esse desejo se torna o sentido da vida, um ídolo. Para as solteiras o ídolo pode ser o casamento, a ideia de que enquanto não encontrar alguém a vida não terá sentido pleno. Depois de casadas o ídolo pode se tornar o amor do marido, os filhos, o lar. Para alguns o ídolo é o amor, para outros o trabalho, a carreira, a formação acadêmica, o dinheiro. O autor aborda várias áreas que podem se tornar ídolos em nossas vidas. Por isso, é importante que, sejam quais forem os ídolos, eles precisam ser descobertos o quanto antes.

O fato é que, enquanto não nos rendermos ao senhorio de Cristo, a nossa vida será uma constante busca para preencher o vazio que só o Senhor pode preencher. Ainda que tenhamos tudo, nada nunca nos satisfará por completo.

Somente quando nos deleitamos no Senhor nossos anseios são realizados. Sem nos esquecer de que, como disse Lewis, que a satisfação plena da nossa alma só será suprida na eternidade, pois fomos projetados para ela e até que nos encontremos lá, sempre sentiremos que por melhores que sejam as coisas deste mundo, há algo muito mais sublime que Deus ainda não nos revelou, algo que só provaremos quando tivermos nossos corpos glorificados. (Timothy Keller)

“Mulheres Que Amam Demais: Quando Você Continua a Desejar e Esperar que Ele Mude”

Autor : Robin Norwood
Editora : Rocco
Páginas : 320
Quanto : R$ 21,90
Onde comprar : https://amzn.to/3GvOqpN

Fontes:

teologiaparamulheres.wordpress.com

Deuses Falsos – Timothy Keller

Mulheres que Amam Demais – Robin Norwood

Esgotamento Espiritual e o Legalismo – Malcolm Smith

stress-burnout-match-e1425595742205

Fariseu era uma pessoa que se havia dedicado a observar minuciosamente a lei de Moisés, chamada Torah (os primeiros cinco livros da Bíblia) na língua hebraica. O juramento dedicatório era denominado “tomar o jugo da Torah”. Consideravam-se separados para Deus, sua lei e para uns com os outros. Formavam um círculo bem fechado, dentro do qual só eram bem-vindos os devotos, círculo que os separava do mundo de pecadores lá fora.

Na realidade, as exigências da lei eram simples: amor a Deus e ao próximo. Mas a religião sente-se perturbada pela simplicidade. Em vez de perguntar como é que a lei de Deus deveria ser observada, eles perguntavam: “Como é que vamos deixar de quebrá-la?” A partir desta pergunta, todas as formas de debates e questionamentos foram surgindo, finalizando nas determinações legalísticas dos fariseus que objetivavam evitar que a pessoa sequer se aproximasse do ponto em que poderia quebrar a lei de Deus.

Estas leis feitas pelo homem eram denominadas “leis da cerca”, a saber, leis que circundavam a lei de Deus, tentando evitar que o devoto corresse o risco de quebrá-la. Nunca perceberam que se apegassem ao amor, teriam guardado toda a lei, e mais ainda. Em vez disso, enterraram-se num pantanal de preceitos sem fim e sem sentido.

As “leis da cerca” procuravam circundar todas as áreas da vida. Havia leis sobre como a pessoa devia vestir-se, sobre o que podia comer ou beber, os lugares aonde podia ir ou não, o que podia fazer, as pessoas com quem se podia relacionar e, mais importante do que tudo, o que não podia fazer no sábado, e outras centenas de pequenos rituais que precisavam ser observados quando a pessoa ia comer, orar ou jejuar.

Até mesmo o israelita secular era constantemente lembrado pelos fariseus quanto aos preceitos da lei, e sentia frequentes beliscões de consciência culpada por não estar vivendo à altura dos padrões de santidade que os intérpretes legais haviam declarado ser a verdade final.

Farm_fence_in_Watlington

O mal do sistema não estava naquilo que a lei proibia, ou ordenava (embora a maior parte do sistema fosse exercício tolo de futilidade), mas na raiz do amor egoísta. A guarda das regras pelos fariseus seria aceitável por Deus; o nível de sua obediência à lei seria indicação de onde ficavam na escada que galgavam com tanto esforço, na direção de Deus. Entretanto, não obstante a retidão dos objetivos, Deus não pode ser alcançado mediante a observância de mandamentos e pelo desempenho de rituais.

Foi contra esta forma de religião que Jesus proferiu suas palavras mais duras. Quando viu o que esse sistema doutrinário estava fazendo às pessoas, ele se moveu de compaixão:

“Vendo ele as multidões,  tinha grande compaixão delas, porque andavam cansadas e abati¬das, como ovelhas que não têm pastor”. (Mt 9:36)

A essas ovelhas, cansadas e exaustas devido aos constantes jugos pesados colocados sobre elas pela religião, disse Jesus:

“Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis DESCANSO PARA AS VOSSAS ALMAS. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11:28-30)

A palavra “cansado” significa: “exausto, ter trabalhado até que não resta força alguma”. Hoje, no contexto em que Jesus estava falando, poderíamos traduzir o texto assim: “queimados espiritualmente, esgotados de toda força espiritual, exaustos na tentativa de agradar a Deus”. Aquelas pessoas estavam sobrecarregadas, esmagadas pelo peso de todas as leis e preceitos que a religião jogara em cima delas.

Jesus convidou as pessoas a virem a ele e, ao agir assim, atirou a luva desafiadora no rosto da religião. Ele usou esta expressão: Tomai sobre vós o meu jugo… (v. 29), frase que descrevia o juramento de fidelidade à religião com todos os seus preceitos.

Jesus estava afirmando que ele próprio é a nova Tora, a nova Lei, não uma lista de mandamentos, mas uma Pessoa viva; e diz mais: que a aceitação do jugo de Cristo propicia descanso. A versão chamada Bíblia Ampliada diz o seguinte: … e encontrareis descanso — alívio, consolo, refrigério, recreação e abençoado sossego — para as vossas almas.

A religião trouxe o burnout espiritual. Jesus prometeu que vir a ele resultaria em recreação, com um período de férias… vida em que a pessoa estaria gozando de contínuo refrigério e renovação em seu relacionamento com ele.

Entrar em estado de burnout espiritualmente é alternativa que só pode ocorrer quando há má compreensão fundamental do cerne do evangelho, ou quando a pessoa falha em aplicá-lo em sua vida e ministério. Um crente espiritualmente exausto está exibindo sintomas de um problema muito mais grave.

Trecho do livro: Esgotamento Espiritual – Malcolm Smith

Por que o Facebook (e sua igreja) podem estar te deixando triste? | Russell Moore

tragedy

Fomos avisados que mídia social pode nos distrair, diminuir nossa atenção, nos desligar de relacionamentos da vida real. Agora um novo estudo sugere que o Facebook também pode tornar-nos infelizes. Eu suspeito que há alguma medida de razão nisto, e não é apenas sobre o Facebook. Trata-se de nossas igrejas.

A revista Slate cita um artigo em uma revista de psicologia social que iniciava com uma observação sobre como os estudantes universitários se sentiam mais desanimados após fazerem logon no Facebook. Havia algo que os entristecia ao “percorrer outros perfis e fotos legais, biografias vencedoras, e atualizações de status.” Os alunos tiveram o humor obscurecido porque acreditavam que todo mundo era mais feliz que eles.

A jornalista Libby Copeland especula que o Facebook pode “ter um poder especial de nos fazer mais tristes e solitários.” Como pode acontecer isso, no entanto, quando o Facebook geralmente é assim… bem, feliz, cheio de rostos sorridentes e famílias bonitas? Bom, esse é justamente o ponto.

“Ao apresentar a parte mais espirituosa, alegre de vidas tão bonitas, e convidar as pessoas a constantes comparações em que tendemos a nos ver como os perdedores, o Facebook parece explorar o calcanhar de Aquiles da natureza humana”, escreve Copeland. “E as mulheres, um grupo especialmente infeliz, podem tornar-se especialmente vulneráveis ao se informarem sobre o que imaginam ser a felicidade dos vizinhos.”

Sim, Copeland escreve, o Facebook pode registrar crianças bonitinhas e momentos agradáveis, mas isso nunca é o todo, ou mesmo a maior parte, da história de vida de qualquer pessoa. “Lágrimas e acessos de raiva raramente são registrados, nem os surtos de maluquices”, escreve ela.

Agora, em um sentido, quero falar com quem realmente se preocupa com o Facebook. Se você é aquele que se compara aos outros, desligue a tela do computador e faça uma desintoxicação do brilho azul dela. Mas ao mesmo tempo, me parece, o mesmo fenômeno está presente nos bancos de nossas igrejas cristãs.

Nossos “bem sucedidos” pastores e líderes sabem sorrir. Alguns deles fizeram escovinhas e usam abotuaduras, outros são grunges e usam cabelo bagunçado. Mas eles estão aqui para nos “empolgar” sobre “o que Deus está fazendo em nossa igreja.”

Nossas músicas de adoração são tipicamente celebrativas, tanto nas letras quanto na expressão musical. Na última geração, uma canção triste sobre a crucificação foi animada com um coro bem alegre: “Foi ali pela fé que um dia eu vi, e agora estou feliz o dia todo!”

Este não é apenas um problema da grande geração reavivalista. Mesmo as músicas de adoração contemporâneas que vêm diretamente dos Salmos tendem a se concentrar em salmos de crescimento ou de exuberância alegre, não salmos de lamento (e certamente não em salmos imprecatórios!).

Podemos facilmente cantar com o profeta Jeremias: “grande é a tua fidelidade” (Lm 3:23). Mas quem pode se imaginar cantando, na igreja, com Jeremias: “Cobriste-te de ira, e nos perseguiste; mataste, não perdoaste. Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração. Como escória e refugo nos puseste no meio dos povos.”(Lm 3:43-45).

Essa sensação de jovialidade forçada é visto nas “liturgias” ad hoc(que tem uma finalidade especifica) da maioria das igrejas evangélicas na saudação e na despedida. Ao começar o culto temos um pastor sorrindo ou um líder de louvor empolgado: “É ótimo ver você hoje!” Ou “Estamos felizes por você estar aqui!”. Ao terminar o culto o mesmo semblante sorridente e cheio de dentes diz: “Vejo vocês no próximo domingo! Tenham uma ótima semana!”

Claro que teremos. O que mais poderíamos fazer? Estamos alegres no Senhor, não estamos? Queremos incentivar as pessoas, não é? E, no entanto, o que estamos tentando fazer não está funcionando, mesmo nos termos que estabelecemos para nós mesmos. Suspeito que muitas pessoas em nossos bancos olham ao redor e acham que os outros têm a felicidade que continuamos prometemos, e se perguntam por que ela passou por elas sem avisar.

Ao não falar, quando a Bíblia fala, sobre toda a gama de emoções humanas, incluindo a solidão, a culpa, a desolação, raiva, medo, desespero, apenas deixamos o nosso povo perguntando por que eles simplesmente não podem ser “cristãos” o suficiente para, afinal de contas, sorrir.

O evangelho fala uma “língua” diferente, no entanto. Jesus diz: “Felizes os que choram, porque serão consolados” (Mt 5:4). No reino, recebemos o conforto de uma forma muito diferente do que somos ensinados em nossa cultura. Recebemos o conforto não por, de um lado, chorar por nossos direitos ou, por outro lado, fingir nossa felicidade. Somos consolados quando vemos o nosso pecado, nossa fragilidade, nossa situação desesperadora, e lamentamos, choramos, clamamos por libertação.

É por isso que Tiago, irmão de nosso Senhor, parece tão fora de sintonia com o ethos contemporâneo evangélico. “Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai”, ele escreve. “Converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza” (Tiago 4.9). O que aconteceria a um líder de igreja que terminasse o culto dizendo ao seu povo: “Tenha um dia infeliz!” Ou “Espero que todos chorem bastante esta semana!” Soaria como louco. Jesus sempre parece louco para nós, à primeira vista (Jo 7.15, 20).

Ninguém é tão feliz quanto parece no Facebook. E ninguém é tão “espiritual” quanto parece com o que julgamos como “espiritual” o bastante para o culto cristão. Talvez o que precisamos em nossas igrejas são mais lágrimas, mais falhas, mais confissão de pecados, mais orações de desespero que são profundas demais para palavras.

Talvez, então, os solitários, culpados e os desesperados entre nós verão que o evangelho não chegou para o feliz, mas para os contritos de coração, não para o saudável, mas para o doente, não para os achados, mas para os perdidos.

Portanto, não se preocupe com as pessoas felizes e deslumbrantes do Facebook. Elas precisam de conforto e libertação tanto quanto você. E, mais importante, vamos deixar de ser essas pessoas felizes e deslumbrantes quando nos reunimos em adoração. Não tenhamos vergonha de gritar de alegria e não tenhamos vergonha de chorar de tristeza. Vamos nos educar, não para fazer publicidade, mas, para a oração, por arrependimento e por alegria.

Tenha um dia infeliz (e um abençoado também).

Tradução: Rafael Bello| reforma21.org | original aqui

O Custo do Não-Discipulado | Rev. Ricardo Barbosa

narrow_way b

Em 1937, o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer publicou seu famoso livro “O Custo do Discipulado”. Uma exposição do Sermão do Monte, na qual ele comenta o que significa seguir a Cristo. O contexto era a Alemanha no início do nazismo. Sua preocupação era combater o que ele chamou de “graça barata”, essa graça que oferece perdão sem arrependimento, comunhão sem confissão, discipulado sem cruz. Uma graça que não implica obediência e submissão a Cristo. Seu compromisso com Cristo e sua cruz o levou a morte prematura em abril de 1945.

“O Custo do Discipulado” é um livro que precisa ser lido pelos cristãos brasileiros do século 21, com sua fé secularizada, sua moral relativizada, sua ética minimalista e sua espiritualidade privada e narcisista. A “graça barata” tem nos levado a conceber um cristianismo medíocre e uma espiritualidade que não expressa a nobreza do reino de Deus.

A fé cristã não é o produto de uma subcultura religiosa. Também não é apenas um conjunto de dogmas e doutrinas que afirmamos crer. É, antes de tudo, um chamado de Cristo para segui-lo. Um chamado para tomar, cada um, a sua cruz de renúncia ao pecado e obediência sincera a tudo quanto Cristo nos ensinou e ordenou.

Muitos olham para este chamado e reconhecem que o preço para seguir a Cristo é muito alto. Esta foi a preocupação de Bonhoeffer. De fato é. Amar os inimigos, abençoar os que nos rejeitam orar por todos os que nos perseguem, sem dúvida é muito difícil. Perdoar os que nos ofendem resistir às tentações, buscar antes de qualquer outra coisa o reino de Deus e sua justiça e fazer a vontade de Deus aqui na terra como ela é feita nos céus, não é fácil. Resistir aos impulsos consumistas numa cultura hedonista, preservar uma conduta moral e ética elevada em meio a tanta corrupção e promiscuidade definitivamente tem um preço muito elevado. Porém, precisamos ver tudo isto por outro ângulo.

Se o custo do discipulado é alto, já imaginou o custo do não-discipulado? Se amar o inimigo é difícil, tente odiá-lo! Se honrar pai e mãe é custoso, pense na possibilidade de não fazê-lo! Se viver em obediência a Cristo, renunciando o pecado, exige muito, procure ignorar isto!

Vivemos hoje uma sociedade enferma. O número de divórcios aumenta cada dia. O número de filhos que desconhecem o pai é alarmante. As doenças de fundo emocional multiplicam-se. A violência cresce. A corrupção parece não ter fim. Os transtornos psíquicos na infância assustam os especialistas. A raiz da enfermidade pessoal e social, em grande parte, é o não-discipulado. Não considerar os mandamentos de Cristo, seu magnífico ensino no Sermão do Monte, seu chamado para a renúncia ao pecado e a necessidade de diariamente tomar a cruz da obediência para segui-lo tem um custo incalculavelmente maior.

Jesus nos conta a parábola de um homem que descobriu um grande tesouro que estava escondido em um campo. Com muita alegria, tomou tudo o que tinha, vendeu e, com o dinheiro, comprou o campo e com ele seu tesouro. Desfazer de tudo o que tinha foi uma decisão fácil tendo em vista o tesouro que iria adquirir. Só iremos compreender a importância da contrição e do arrependimento, da confissão e da renúncia ao pecado, da obediência aos mandamentos e do valor da cruz se tivermos consciência da riqueza que nos espera.

Pagamos um alto preço pela “graça barata”. Nossas famílias sofrem por causa dela. Nossos filhos encontram-se confusos e perdidos. A nação afunda-se na lama da corrupção, da violência e da promiscuidade. Nossas igrejas transformaram-se em centros de entretenimento religioso, com um comércio de falsas promessas em troca de um evangelho sem cruz e de um reino onde cada um é seu próprio rei.

O chamado de Cristo para sermos seus discípulos, com seu “alto custo”, é o único caminho possível para a liberdade. A única opção para a verdadeira humanidade. A única esperança para nossa sociedade enferma. Se seguir a Cristo exige muito, lembre que não segui-lo vai lhe custar muito mais.

[Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.]

[Audiobook] Chaves para o Crescimento Espiritual | John MacArthur

livro-chaves-crescimento-espiritual_1Quanto mais contemplo a face de Jesus nas páginas das Escrituras, tanto mais eu creio que, se você seguir as orientações apresentadas neste livro, experimentará crescimento espiritual. E compreenderá a plenitude de tudo que Deus pretende fazer em, com e por meio de você!

John MacArthur, com base em sua vasta experiência ministerial, escreve uma admirável exposição de princípios bíblicos que revela, de modo conclusivo, o propósito do homem neste mundo: entender e praticar o mandado bíblico, comprometendo-se totalmente, agora e para sempre, com a glória de Deus.

O autor prepara os leitores para este compromisso integral, centrado em Deus, apresentando-lhe passos específicos, chaves, a fim de ajudá-los a desenvolver e manter o crescimento espiritual radiante.

O objetivo é uma vida que se concentra e se focaliza em Deus, até que a pessoa seja envolvida e cativada pela majestade divina. MacArthur oferece métodos viáveis para compreendermos esse objetivo e abrirmos o cofre de tesouros espirituais, abundantes, em Cristo.

Glorificar a Deus do modo como Ele deseja; utilizar modelos significativos de oração; recompensa divina de esperança e obediência; o caminho cristão do perdão e do amor – todos os princípios básicos que levam ao crescimento espiritual autêntico são chaves que John MacArthur utiliza.

Clique no link, ouça ou faça download do audiobook gratuitamente:

http://www.ministeriofiel.com.br/audiobooks/detalhes/17/Chaves_para_o_Crescimento_Espiritual

Se Deus é bom, por que Ele permite o sofrimento? (Pregação)

12919675_983762431659431_1105351743408122586_n

Para ouvir a pregação clique no link:

Se Deus é bom, por que Ele permite o sofrimento?

Fonte: Igreja Esperança – Igreja Cristã Reformada

Cultos: 10h30 e 18h15
Rua Jaguari, 673, Bonfim – BH
Link da IE no Google Mapas: https://goo.gl/39A2zA

Conheça seu Inimigo (2) | Josaías Jr.

us-army-soldier-firing-facebook-cover-timeline-banner-for-fb

Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,

E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra.

Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.

Mateus 4.5-7

Use e abuse: Os anjos te salvarão

A segunda tentação parece um pouco estranha para alguns, mas imagine a situação de Jesus¹. Ou imagine você nessa situação. Você esteve em um deserto por 40 dias. Você esteve com fome, com sede, cercado por feras, sem qualquer pessoa para conversar. Você passou os dias com calor e as noites com frio. Você esteve indefeso e solitário.

Não é nessa situação que imaginamos o Filho de Deus. Ou qualquer dos filhos de Deus. Ou mesmo qualquer pessoa. Fomos criados para viver em um jardim, entre animais que nos obedeciam e nos respeitavam, acompanhados de um cônjuge, de um Deus, de árvores de todo tipo. Não havia fome, solidão, perigo ou desamparo.

Não é sem motivo que o diabo leva Jesus para um cenário que é oposto ao deserto. Eles vão parar na cidade santa, onde multidões caminham, e não há solidão. Sobem ao topo do templo, o centro da vida política, cultural e religiosa de Israel. O templo era o local onde se cria que Deus habitava, um pequeno retorno ao Éden, com suas representações de animais e árvores². Este sim é o local adequado para os filhos de Deus. Afinal, “está Deus no meio de nós ou não?”, já diziam os judeus no deserto.

Então, o diabo cita o Salmo 91. Ele fala de alguém que sai vitorioso das provações. Alguém que foi salvo porque amava a Deus, que foi posto em “um alto retiro” por conhecer o nome dele. Alguém que não foi abandonado em meio às feras. Deus está com este personagem ou não? É óbvio que sim!

Com isso em mente, imagine essa prova para você. Você está mais acostumado com ela que pensa. Não tenho a menor dúvida de que existem problemas afligindo sua vida. Nesse mundo caído, sempre há problemas. Seja uma doença, falta de namorada, vestibular, relacionamentos, desemprego. Ou então, coisas menos rotineiras, como dúvidas em relação à salvação, respostas de oração, a falta de algum tipo de experiência mais “espiritual”, ou uma igreja que não responde da maneira esperada ao seu ministério. Você se sente só e desamparado às vezes. Está Deus comigo ou não?

Mas eis que surge a solução. Prove Deus. Teste-o! Um anjo aparece pra você e diz: “Suas dúvidas podem acabar. Tudo o que você precisa fazer é _________ e Deus te mostrará que está com você”. Traduzindo para nossa vida: peça uma prova, exija uma evidência, agarre-se a algo – ele deve mostrar o amor por você, não? Ele está entre nós ou não?

O problema é que, biblicamente, essa opção, que parece mostrar tanta fé e piedade é, na verdade, falta de confiança. É abuso, manipulação. Logo após Jesus citar a “palavra que sai da boca de Deus”, o inimigo usa um texto bíblico para fazer seu argumento. Somos semelhantes ao povo de Israel que esperava sinal o tempo todo, ou que pensava que o templo era sinônimo de bênção e proteção – não importa quantos outros deuses eles adoravam juntos de Yahweh. Eles responderiam: o templo está entre nós, logo Deus está entre nós. Manipulação dos benefícios que a aliança trouxe a eles.

Quantas vezes não caímos por tentar manipular a Deus fazendo o mesmo? Como o crente que lança maldições sobre desafetos no trabalho por achar-se numa posição superior após ler “amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem” (Gn 12.3). Ou o irmão que espera prosperidade em resposta ao seu dízimo (Ml 3.10). Como aqueles que leem Hebreus 11 até o começo do verso 35, consideram-se “heróis da fé” e ignoram o que vem depois.

Para os reformados e evangélicos, em especial, o maior perigo é o abuso da graça. É testar Deus por meio de pecados, pecados e pecados acreditando que a graça significa apenas perdão e não regeneração, santificação e glorificação. Deus está comigo, de qualquer forma, de qualquer jeito, porque ele prometeu.

É curioso que o salmo citado por Satanás é o Salmo 91, um dos mais famosos em nosso país, usado como amuleto em diferentes lares, de diferentes práticas, religiões e tradições. Criticamos essa prática supersticiosa no Brasil, mas podemos ter também nosso “Salmo 91″. Seria o fato de eu ser membro de igreja? A crença no perdão de Deus mesmo para aqueles que não se arrependem? Os cinco pontos ou os cinco solas? O sentimento de euforia após um culto de acampamento? Aquela sensaçãozinha de paz a que me agarro, mesmo vivendo como se Cristo não vivesse em mim? Ou a tola esperança de que num último momento Deus realmente vai mandar os anjos e eu não vou me esborrachar lá embaixo?

A resposta de Jesus contra o inimigo é Deuteronômio 6.16, um texto que faz referência aos incidentes de Massá e Meribá (Êx 17; cf; Sl 95) – quando faltou água no deserto e o povo começou a dizer “está Deus no meio de nós?”. Meribá signfica “rebelião” e Massá significa “provação”. Como fez com Israel, o diabo queria levar Jesus a rebelar-se contra seu Pai, por meio de provas. Novamente, Satanás queria que Jesus se assemelhasse a ele, tornando-se um tentador. Hoje, essa provocação atormenta os filhos de Deus. Às vezes, quando pensamos ser muito piedosos, ao invés de nos assemelharmos a Cristo, podemos estar mais parecidos com aquele que o tentou.

Octavius Winslow nos lembra que, nesse trecho, Satanás disfarça a autodestruição chamando-a de salvação. Nosso coração é enganoso e procura manipular tudo a seu favor. O sinal de piedade que o diabo propôs era certeza de suicídio.

¹ Nesse ponto, em especial, sou devedor a Russell Moore em seu livro Tempted and Tried.
² Para uma tabela que mostra a ligação ente o Éden e o Templo/Tabernáculo, ver God’s Glory in Salvation through Judgment: a Biblical Theology,  de James M. Hamilton. Boas informações também em From  Eden to  the New Jerusalem,  de T. Desmond  Alexander.

Por Josaías Jr. | Reforma 21

9 Fatos que Você Deveria Saber Sobre Edith Schaeffer | Joe Carter

schaeffers0330

Edith Schaeffer, a esposa do Rev. Francis Schaeffer (1912-1984) e com ele fundadora do L’abri, agora está com o Senhor. Faleceu em 30 de Março de 2013 em sua casa, na Suíça, cuidada em seus últimos dias por sua filha Debby e seu genro, Udo Middleman.

Eis aqui 9 fatos que você deveria saber sobre a Sra. Schaeffer:

1. Schaeffer nasceu em Wenzhou, China, filha de missionários que estavam servindo na Missão do Interior da China.

2. Além de seu nome inglês, seus pais lhe deram o nome chinês Mei Fuh, que significa “bela alegria”.

3. Em 26 de Junho de 1932, Edith compareceu a uma reunião em sua liberal igreja presbiteriana onde um ministro unitariano fez um discurso sobre “Como eu sei que Jesus não é o Filho de Deus, e como eu sei que a Bíblia não é a Palavra de Deus”. Ela estava preparada para apresentar uma refutação quando um rapaz levantou e disse: “Meu nome é Francis Schaeffer e eu quero dizer que eu sei que Jesus é o Filho de Deus, e ele é também meu Salvador”. Após Francis apresentar seu testemunho, Edith adicionou uma breve apologética à verdade bíblica. Os dois começaram a namorar e se casaram três anos depois.

4. Para que seu marido Francis pudesse terminar o seminário, Edith costurou ternos masculinos e fez becas e vestidos de noiva para clientes particulares.

5. Após três anos servindo em ministério pastoral ativo nos Estados Unidos, os Schaeffers mudaram-se com a família para a Suíça em 1948 para ajudar igrejas em seus esforços de resistir tanto ao liberalismo na teologia quanto ao existencialismo na cultura após a Segunda Guerra Mundial.

6. A L’Abri Fellowship [clique e conheça a extensão no Brasil] começou na Suíça em 1955 quando Francis e Edith decidiram abrir seu lar para ser um lugar onde as pessoas pudessem encontrar respostas satisfatórias para suas perguntas e demonstrações práticas de cuidado cristão. Foi chamada L’Abri, a palavra francesa para “abrigo”, porque eles buscaram proporcionar um abrigo das pressões de um século 20 inexoravelmente secular.

7. Em 1960, a L’Abri tinha se tornado tal fenômeno que atraiu  os olhos da revista Time. A “Family Letter” de Edith teve uma circulação de 1.300 pessoas, e seu “High Tea” de domingo à noite estava recebendo mais de 50 pessoas de todo o mundo semanalmente.

8. Edith ajudou a restaurar e popularizar as artes quase esquecidas da hospitalidade e do serviço de casa dentro da comunidade evangélica durante o fim do século vinte. Conforme ela escreveu em seu livro O que é uma Família?, “É necessário haver uma dona de casa exercitando alguma medida de habilidade, imaginação, criatividade e desejo de satisfazer necessidades e dar prazer aos outros na família. Quão preciosa é a família humana. Ela não vale algum sacrifício em tempo, energia, segurança, desconforto, trabalho? Há alguma coisa que venha à existência sem trabalho?”

9. Edith escreveu ou coescreveu 20 livros, dois a menos que seu marido.  Dois de seus livros (“Aflição” e “A Tapeçaria: A Vida e a Época de Francis e Edith Schaeffer”) ganharam o Prêmio Medalhão de Ouro da Associação de Editoras Cristãs Evangélicas (Evangelical Christian Publishers Association).

Por Joe Carter, Copyright © 2013. Copyright © 2013 The Gospel Coalition . Original: 9 Things You Should Know About Edith Schaeffer.

Tradução: Alan Cristie. © Voltemos Ao Evangelho. Website: www.voltemosaoevangelho.com

Conheça seu Inimigo (I) | Josaías Jr.

us-army-soldier-firing-facebook-cover-timeline-banner-for-fb

Eu gosto de séries de TV. E quem me conhece sabe que gosto não apenas de séries, mas de citar as séries, ganhar presentes relacionados a séries, imitar personagens e pior – usá-las de exemplo em sermões, palestras e textos (quando relevante, claro). Dito isso, há uma série inglesa que gosto muito. Chama-se Doctor Who e ela tem uma tradição de popularizar algumas frases marcantes. Uma dessas frases é Don’t Blink (“Não pisque”). A expressão ficou famosa devido a um episódio que apresenta certos personagens com uma habilidade estranha, mas interessante. (É meio viajante, mas por favor, continue lendo). Eles se tornam pedra se alguém estiver os observando. Ficam ali, parados, endurecidos, perdidos no meio do cenário… até que você pisca e eles correm em sua direção.

A frase ficou famosa entre os fãs da série porque o episódio é extremamente tenso. “Don’t Blink! Não pisque! Pisque e você está morto. Não olhe para os lados. Não dê as costas. E não pisque! Boa sorte.” São essas as instruções que o Doutor, o protagonista, dá a seus aliados. E ele sabe que é quase impossível escapar. (Até porque se eu falar para você não piscar, você provavelmente vai sentir vontade de piscar).

Em parte, isso me lembra da maneira como as tentações acontecem em nossa vida. Claro, isso é só uma ilustração. Você não precisa achar todos os pontos idênticos. Mas, o fato é que estamos o tempo todo sendo observados por seres eternos, especialistas em tentar, em mostrar aquilo que queremos, em nos fazer lutar contra a vontade de Deus. Logo, pisque e você está morto. Não olhe para o lado. Não dê as costas. Curioso é que os personagens que se tornam pedra são chamados de Anjos Lamentadores.

Sim, estou usando isso para falar de anjos caídos. Estou falando sobre o nosso inimigo e eu sei que responsabilidade terrível é falar sobre o assunto. Eu mesmo já caí sob o engano dele inúmeras vezes. Eu pisquei, olhei para o lado, dei as costas, perdi o foco, observei coisas mais interessantes, ou mesmo fingi que ele não estava lá. Imagino que você tenha passado por isso também. Algo importante nessa luta diária é conhecer nosso inimigo.  Por isso, acho que o texto de Mateus 4.1-11 é apropriado para tratarmos desse assunto. Não será uma lista extensiva das maneiras como o inimigo nos tenta, mas ele nos apresenta algumas de suas estratégias básicas.

Nessa série, veremos como a tentação de Jesus nos auxilia a enxergar as tentações em nossas vidas e não nos esquecermos de que estamos continuamente em guerra.

Mateus 4.1-11

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.

Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.

Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam.

 O Contexto

O evangelho de Mateus tem como característica especial ter sido escrito para judeus. O autor inicia seu livro dizendo que Jesus era filho de Abraão e filho de Davi. Ou seja, ele era tanto herdeiro da promessa para Abraão quanto herdeiro do trono. Ele era o Messias esperado, e aquele que traria cumprimento à promessa de que todos os reinos da terra seriam abençoados. Isso é importantíssimo na leitura do livro e, claro, do relato da tentação.

No capítulo 3, presenciamos o início do ministério de Cristo com seu batismo e a afirmação de Deus de que ele era “meu Filho, em quem me comprazo” (3.17). A seguir, Jesus é levado a um deserto, onde  jejua por 40 dias e 40 noites. Existem alusões ao passado de Israel aqui – como Israel, ele foi chamado a permanecer no deserto. Ele é o novo Israel, a semente de Abraão. E agora ele deve mostrar que é superior ao Antigo povo. O que Jesus faz não é apenas uma questão de santidade pessoal, mas um passo adiante em sua missão e em seu propósito aqui na terra. Ele está cumprindo o que Israel não alcançou.

Nessa situação de debilidade, o diabo surge para tentá-lo e usa três provocações. Temos muito a aprender sobre elas, porque a Bíblia ensina que Jesus foi tentado da mesma maneira que nós (Hb 4.15). Mas pelo fato dele ser tentado, temos a quem recorrer confiantemente.Vejamos então como ele foi provado.

Crise de identidade: “Se és o Filho de Deus…”

O título “Filho de Deus” não faz apenas referência ao fato de Jesus ser Deus Filho. Ele também remete a personagens bíblicos que ocuparam esse papel de “Filho de Deus”. Primeiro, a Adão, cujo único pai era Deus. Lucas enfatiza isso ao incluir “Deus” como descendente de Adão em sua genealogia (Lc 3.38). Segundo, remete a Israel, que é chamado de filho várias vezes durante o Antigo Testamento – “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho” (Oséias 11.1). Terceiro, remete a Davi e aos reis de Israel, que eram chamados filhos de Deus (como o Salmo 2, ensina por exemplo). O leitor judeu sabia o que significava o Senhor Deus chamar alguém de “meu Filho”. E o diabo também.

Segundo Russell Moore, a tentação do diabo questionava a identidade de Jesus. Ele deveria mostrar quem ele era realizando um milagre e satisfazendo sua fome. Já Octavius Winslow enfatiza a falta de confiança na providência divina. Podemos dizer que os dois estão certos – em última análise, você é quem você é e está onde está pela providência de Deus.

Note que, em si, não há nada de errado com aquilo que o diabo pede. Jesus era o Filho de Deus, Jesus realizou milagres e Jesus até foi chamado de glutão. A questão não era realizar o milagre ou comer – mas fazer isso naquela situação e por motivações erradas. Usar sua autoridade, seu nome, sua posição para sair do propósito de Deus.

Enquanto o propósito do jejum era humilhar Jesus e torná-lo totalmente dependente da providência divina, o propósito do milagre proposto pelo diabo era exaltar-se e depender somente da própria força. Basicamente dizia: “Se és Filho de Deus, demonstra sua filiação, negando que depende do seu Pai”.

Boa parte dos nossos pecados envolvem uma crise de identidade e falta de confiança na providência divina. Não aceitamos ser quem Deus diz quem somos ou não queremos o lugar em que ele nos colocou. Pecamos porque (1) desejamos ser quem não somos (como um garoto que fantasia com a garota que não é sua esposa ou Israel querendo voltar para o Egito ou Adão desejando ser igual a Deus); (2) porque negamos quem somos (Pedro é o exemplo clássico ao negar ser discípulo de Cristo ou uma menina que mente sobre sua posição social ou um pai que não assume responsabilidade).

Boa parte dos nossos pecados envolvem uma crise de identidade e falta de confiança na providência divina.

O pecado acontece em nossas vidas quando negamos que somos imagem de Deus, feitos para refletir a glória dele, quando não desejamos ser filhos de Deus, adotados para sermos santos como ele é santo e quando abusamos da graça de Deus, sabendo que Cristo pagou o preço por nossos pecados.

Jesus lembrou Satanás que um filho não deveria ser dependente apenas de pão, mas do alimento espiritual que vem de Deus. Jesus era Filho, era Rei, mas estava debaixo de uma autoridade maior naquele momento. E ele não desejava nada além daquilo. Ele não seria como Adão que tentou ser Deus, Ele não seria como Israel que negou ser Israel e queria ser Egito, Ele não seria como Davi que não aceitou as esposas que já tinha e foi atrás de Bate-Seba.

E conosco? Em quem está nossa identidade? Quem é nosso provedor? Quem desejamos ser? Em que posição desejamos estar? Veja – esta não é uma palavra contra objetivos ou contra aspirações. É uma palavra sobre enganar a si mesmo a respeito de quem somos, de onde estamos, e em quem confiamos. É uma palavra contra ingratidão, contra a falta de confiança, contra a mentira. Não somos nós que realizamos milagres, não somos nós que nem mesmo colocamos comida em nossas mesas. É o nosso Pai. O quanto confiamos nele? Ou a Palavra que vem dele não é o suficiente? Quando pecamos, temos a insolência de ser como a serpente e dizer “É assim que Deus disse?” (Gênesis 3.1). Negamos o pão e a providência do Senhor.

O mais irônico é que se Jesus provasse ser filho de Deus nos termos de Satanás, ele provaria ser, na verdade, filho do diabo. Ele nada teria a ver com Deus. Que o Espírito Santo nos livre desse caminho.

Visite: Reforma 21

George Müller | Apóstolo da fé (1805-1898)

“Pela fé, Abel… Pela fé, Noé… Pela fé, Abraão…” Assim é que o Espírito Santo conta as incríveis proezas que Deus fez por intermédio dos homens que ousavam confiar unicamente nele. Foi no século XIX que Deus acrescentou o seguinte a essa lista:

“Pela fé, George Müller levantou orfanatos, alimentou milhares de órfãos, pregou a milhões de ouvintes em redor do globo e ganhou multidões de almas para Cristo”. […]

Certo pregador, pouco tempo antes da morte de George Müller, perguntou-lhe se orava muito. A resposta foi esta: “Algumas horas todos os dias. E ainda, vivo no espírito de oração; oro enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estou constantemente recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa, continuo a orar até a receber. Nunca deixo de orar!… Milhares de almas têm sido salvas em respostas às minhas orações… Espero encontrar dezenas de milhares delas no Céu… O grande ponto é nunca cansar de orar antes de receber a resposta. Tenho orado 52 anos, diariamente, por dois homens, filhos dum amigo da minha mocidade. Não são ainda converti­dos, porém, espero que o venham a ser. – Como pode ser de outra forma? Há promessas inabaláveis de Deus e sobre elas eu descanso”.

Ouça a respeito da vida desse homem verdadeiramente piedoso, no vídeo abaixo. Trecho do livro “Heróis da Fé”, de Orlando Spencer Boyer.