Leitura: 1 Coríntios 2.1 e 2
É preciso lembrar que temos de pregar a cruz a partir de um coração que está repleto desta mensagem – a cruz de Cristo. Não há dúvida de que uma das razões pelas quais muitos abandonaram a pregação da cruz é que as pessoas pensam que já estão “formadas” neste assunto. E mais, acham que já passaram para algo melhor, algo mais glorioso, mais satisfatório. Mas, na verdade, estas pessoas se tornaram pobres espiritualmente, porque não há como ir para algo maior do que a cruz de Cristo. Paulo devia saber disso muito bem e por isso diz no v.2 que ele “decidiu nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”. É assim que deveria acontecer com cada um que for chamado a pregar. Isto não é algo de que alguém possa lhe convencer, mas é algo que o próprio Deus terá que revelar-lhe.
À medida que você estuda e pesquisa a velha rude cruz, precisa chegar àquele ponto em sua vida em que agora tem a convicção (e não interessa o que está à sua volta, mesmo que todos os seus amigos tenham abandonado esta mensagem da cruz), que o leva a sentir um senso de contentamento de permanecer na pregação da cruz de Cristo. E a razão para isso é que você vê tanto na cruz, que uma vida inteira não é tempo suficiente para esgotar a riqueza que nela há.
Precisamos sentir que ao lidar com pecadores a cruz é suficiente. Enquanto lidamos com os santos, a cruz também é suficiente. Precisamos estar contentes ao lidar com a mensagem da cruz até a nossa morte. Com certeza é isto que Paulo está dizendo neste texto. Ele está refletindo a respeito do seu próprio ministério quando ele está em Corinto. A igreja estava sofrendo com divisões, pois as pessoas estavam seguindo uma personalidade ou outra. E Paulo diz que não lançou aquele tipo de semente (divisão) na igreja de Corinto. Ele está dizendo que desde que chegou ali não pregou a si mesmo, mas estava tratando apenas de um assunto em toda sua largura e espessura, sua altura e profundidade: a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo diz estar completamente surpreso do que vê e ouve naquele lugar.
Por que Paulo teria visto tanto valor na cruz? É que ele conseguiu enxergar que tudo o que Cristo veio fazer neste mundo tinha ligação com Sua morte. Aliás, o ministério que Jesus continua efetuando no céu nasce na cruz. Quando se lê o Antigo Testamento parece que tudo aponta para a cruz. Nós, portanto, deveríamos aprender a Bíblia de tal forma que estivéssemos sempre contemplando a cruz. Por exemplo, nós já ouvimos falar e aprendemos dos vários ofícios de Jesus. Que Jesus, no seu ofício de Salvador, opera como Profeta, Sacerdote e Rei. Mas pergunto: em quantas mentes estes três ofícios aparecem cristalinos na cruz? Para muitas pessoas, Jesus só é visto como Profeta durante o período em que passou aqui na Terra quando ensinava e pregava. E que Ele é Sacerdote quando se oferece a Si mesmo na cruz do Calvário. Quando chegamos aos Seu ofício de Rei nós o enxergamos quando agora está assentado à direita de Deus Pai.
Precisamos dizer algo a este respeito. Se nos limitarmos a esta visão estaremos roubando a nós mesmos do contentamento que podemos Ter em Cristo e este crucificado. Estamos ficando mais pobres porque não conseguimos enxergar Jesus em Seus três ofícios enquanto pendurado naquela rude cruz. Tenho a certeza de que não poderemos fazer a colocação apostólica a menos que possamos ver Cristo em Seus três ofícios quando pendurado no madeiro.
Ouça a palestra proferida no Encontro da Fiel para Líderes em Águas de Lindoia, em 1998. O autor é o Pastor Batista Conrad Mbewe, de Zâmbia – África.